28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Novo CPMF caiu, e se Queiroz é um laranja, Cintra é um bode expiatório

Governo Bolsonaro segue recuando para os corrigir os problemas que ele mesmo cria

Depois de muito chove não molha, o imposto que viria ser a nova CPMF, não vingou. Sobrou para Marcos Cintra, que não é mais secretário da Receita Federal. Jair Bolsonaro, do hospital mesmo, ficou irritado e mandou o general Hamilton Mourão, presidente em exercício, mandou demitir Cintra.

O Presidente viu na divulgação de detalhes da proposta de recriação da CPMF uma desobediência a pedido feito pessoalmente por ele à equipe econômica.

Mas na verdade tudo explodiu na batida tática do “se colar, colou”. Após a ideia do novo imposto ventilada e desenvolvida por Bolsonaro e, principalmente, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo não gostou da reação da oposição e principalmente nas redes sociais. Caiu então o secretário.

Mas Cintra não era o único a defender o imposto. Com o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes, o governo atual quer a CPMF outra vez. O ministro dizia que uma tributação parecida com a CPMF seria um jeito eficiente e rápido de arrecadar imposto, desde que a alíquota fosse baixa. “Pequenininho, o tributo não machuca”, disse Guedes.

O governo planeja em sua proposta de reforma tributária que saques e depósitos em dinheiro sejam taxados com uma alíquota inicial de 0,4%. A cobrança integra a ideia do imposto sobre pagamentos, que vem sendo comparado à antiga CPMF. Já para pagamentos no débito e no crédito, a alíquota inicial estudada é de 0,2% (para cada lado da operação, pagador e recebedor).

Os líderes do PSL, como Joice Hasselmann, até já defendiam o imposto, dizendo que ele facilitaria na luta contra a sonegação. Como deu besteira, direto do hospital, o presidente Bolsonaro dá o enésimo recuo em seu governo.

Mas, como sempre, conseguiu apoio de seus fãs fieis. Afinal, ele é o homem que findou o retorno da CPMF. O problema é que foi ele mesmo quem teve o dedo neste quase retorno.

E assim como a mamata não acabou, o toma lá, dá cá continua e a corrupção prossegue, afinal laranjas como Queiroz seguem livres e a investigação de corrupção de um de seus filhos, Flávio, levou ao inacreditável fim do Coaf (e ainda tem corte na Educação, todo o imbróglio diplomático pela Amazônia e o nepotismo do filho), o governo Bolsonaro segue recuando para os corrigir os problemas que ele mesmo
cria.

E não anda para lugar nenhum.

Manifestantes pedem força ao trio Bolsonaro, Guedes e Moro Imagem: Gledston Tavares