A privatização da Ceal, de imediato, além do desemprego que provocará entre os trabalhadores da empresa federalizada, vai gerar um prejuízo para os cofres do Estado que pode chegar a mais de R$ 600 milhões, se aplicadas as correções e multas desde a época que a empresa deixou ser controlada pelo governo alagoano para seguir no espólio do governo federal.
A Ceal passou a integrar o bloco de empresas do setor elétrico federalizadas em 1998, a partir da compra de 50% das ações pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobras, que passou a ter o controle acionário da empresa.
No entanto, em 2008 a Holding Eletrobras passou a ter 100% das ações da Ceal. Curioso: Comprou, mas não pagou o contrato de R$ 300 milhões, que hoje é cobrado com juros e correção pelo governador Renan Filho (MDB), com justa razão.
O fato é que a Ceal vai passar para as mãos de investidores internacionais – China e Estados Unidos têm interesses. E esses dois países tratam suas empresas do setor elétrico como patrimônio de segurança nacional. Tanto é que lá o Exército é quem faz a segurança das empresas. Nesses países não se trata energia elétrica como uma mercadoria, mas como um patrimônio público a ser preservado. O paradoxo é que virão aqui comprar as estatais brasileiras.
Devido ao descaso político e administrativo de décadas, bem como a incompetência nas seguidas gestões das empresas da Eletrobras, o setor elétrico brasileiro afundou no sucateamento. Por pouco o País não entrou em colapso total na área durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). De lá para cá a onda de privatização tomou corpo nas cabeças e mentes dos intermediários que atuam no mercado. Faltava apenas um governo para bater o martelo. E Michel Temer bateu, com o apoio dos seus aliados no Congresso Nacional.
A Ceal, que construiu subestações para atender as usinas de açúcar e impulsionar os parques industriais – até hoje cobra na justiça a fatura do consumo das empresas do setor sucroalcooleiro- vai no bolo, bem ao gosto da faca na garganta espetada pelos senhores do “mercado”.
Mercado esse que financia eleições, sustenta lobistas e garante malas de dinheiro para que assessores de autoridades que batem o martelo da privatização saiam correndo pelas ruas e calçadas com malas cheias de dinheiro, para o deleite de todos.
Infelizmente, é assim que a banda toca.