Por Dyego Barros
Os defensores da tese que política e futebol não se misturam estão em maus lençóis nesta segunda-feira (2). Isso porque o jogo entre Sepahan, do Irã, e Al-Ittihad, da Arábia Saudita, válido pela 2ª rodada do Grupo C da Champions League da Ásia, precisou ser adiado, no dia de hoje, após a equipe saudita se recusar a entrar em campo ao identificar à presença de bustos do general Qassem Soleimani – um ex-comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, morto no ano de 2020, em um bombardeio ordenado pelos EUA – no acesso ao gramado do estádio Foolad Shahr.
Segundo a imprensa árabe, representantes da comissão técnica do Al-Ittihad e da própria organização da competição solicitaram às autoridades locais a remoção dos bustos antes do início do trabalho de aquecimento da equipe do craque francês Karim Benzema e do brasileiro Romarinho. Entretanto, os iranianos não atenderam ao pedido. Diante da negativa, a delegação do time saudita deixou o palco do duelo, embasada em uma normativa da Fifa que proíbe manifestações políticas e religiosas em eventos reconhecidos pela entidade global.
Entendida como um ato provocativo, a atitude foi justificada pelos donos da casa, que alegam que a estátua do polêmico ex-combatente das forças leais ao líder Aiatolá Ali Khamenei está presente naquele local há quatro anos.
Arábia Saudita e Irã têm uma relação conflituosa por questões diplomáticas que envolvem, entre outras coisas, disputas religiosas e de territórios. Por esta razão, equipes dos países antagônicos vinham se enfrentando apenas um localidades neutras, em compromissos do torneio, desde o ano de 2016, mas a medida foi revogada pela Confederação Asiática de Futebol (AFC) nesta temporada.
Nesta terça-feira (3), outro clube saudita, o Al-Hilal, de Neymar, também vai atuar na capital iraniana, onde medirá forças com o Nassaji Mazarandan.