Em discurso na tribuna da Câmara, o deputado federal Paulão fez um alerta que a reforma da previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro, além prejudicar os trabalhadores rurais, pode levar a quebradeira geral dos pequenos municípios brasileiros, em função da drástica circulação de moeda nos comércios
O deputado apresentou dados na tribuna para ilustrar seu posicionamento contrário as alterações que, segundo ele, desestabilizam a aposentadoria do trabalhador rural. Citou como exemplo alagoano.
Disse que em Alagoas tem 102 municípios e uma população de 3,3 milhões de habitantes e que desse contingente 862 mil alagoanos vivem na zona rural. “Existem na minha terra mais de 414 mil beneficiários da previdência. Na zona rural os aposentados somam 192 mil e 269 pessoas, que são homens e mulheres simples do campo alagoano”. Destacou.
A questão é que esses aposentados sustentam a economia da maioria dos 102 municípios.
“Para se ter uma ideia da importância fundamental previdência para os municípios destacamos dois dados básicos: O recursos do FPM destinados aos municípios alagoanos somaram, em 2018, cerca de R$ 2,6 bilhões. Já os recursos previdenciários que circularam nos 102 municípios chegaram a soma de R$ 5,5 bilhões. O detalhe é que deste total mais de 2 bilhões de reais foram benefícios do trabalhador rural. Verifica-se, portanto, que os recursos da previdência em 2018 foram 110% maiores que os repassados aos municípios por meio do FPM”. Declarou Paulão.
Para ele, as alterações na aposentadoria representam a quebradeira de pequenos comerciantes em cada cidade, que vêm a economia se movimentar, quando os aposentados gastam a aposentadoria no comércio local.
Acrescentou que os beneficiários da aposentadoria no campo, em Alagoas, representam 29,3% do PIB agropecuário do Estado. “PIB este que está na ordem 7,1 bilhões de reais”, assinalou.
O deputado disse não ter dúvidas de que a economia de R$ 1 trilhão pretendida pelo ministro Paulo Guedes vai engordar as contas dos banqueiros e especuladores do mercado financeiro, mas ao tempo significará o empobrecimento rápido da economia dos municípios menores.
“Isso não só diretamente pela previdência, mas também pela redução drástica do próprio FPM, que tem como requisito principal a renda média da população de cada lugar. Levar essa gente a condição de miséria seria um ato criminoso”, concluiu Paulão.