8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

PF vai investigar fake news sobre ações de socorro ao RS

Ministério da Justiça pediu investigação após solicitação da Secom

A Polícia Federal irá investigar a divulgação de fake news sobre ações dos governos federal, estaduais e municipais nas enchentes do Rio Grande do Sul. O pedido de abertura da investigação foi feito pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

No ofício, o ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta, lista de nomes de influenciadores digitais, de contas em redes sociais e postagens na internet que vêm disseminando informações falsas sobre o trabalho de resgate de pessoas e sobre a recuperação dos estragos no estado. Segundo Pimenta, há “narrativas desinformativas e criminosas” que causam impacto no aprofundamento da crise social vivida pela população gaúcha.

Na tarde desta terça-feira (7), o governo divulgou nas mídias sociais as principais mentiras que são repercutidas para obter acessos e, consequentemente, vantagens nas publicações:

  • Não há exigência de nota fiscal para realizar doações
  • Veículos de salvamento não estão sendo multados
  • Não há obrigação de licença para pilotar barcos e jetskis em operações de salvamento
  • Não há fiscalização de marmitas pelo Piratini
  • O pix habilitado pelo governo não vai para um caixa da gestão

Mentirosos

Na peça, o ministro Paulo Pimenta menciona algumas informações falsas sobre o governo federal e lista influenciadores e políticos que seriam os responsáveis pelas publicações. Um dos citados é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que chegou a postar em seu perfil no X (ex-Twitter) que o governo federal teria levado quatro dias para enviar reforços ao estado.

Já o empresário bolsonarista Leandro Ruschel repercutiu no X a informação de que nove pessoas teriam morrido em uma UTI em Canoas, alegação posteriormente desmentida pelo prefeito Jairo Jorge (PSD). O texto do influenciador ainda estabelece uma relação entre o Rio Grande do Sul e o show da cantora Madonna no Rio de Janeiro.

O coach Pablo Marçal, por sua vez, alvo de operação da Polícia Federal no ano passado por suspeita de crime nas eleições de 2022, sustentou a falsa alegação de que o governo do Rio Grande do Sul estaria barrando a entrada de caminhões de doações.

A afirmação foi rechaçada pela Secretaria da Fazenda do estado. Marçal também chegou a afirmar que um empresário sozinho teria mais helicópteros do que a Força Aérea Brasileira.

A lista do Planalto menciona ainda o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), por compartilhar as peças de desinformação publicadas por Marçal e reforçar a tese fraudulenta sobre as doações no estado.

“Os conteúdos afirmam que o Governo Federal não estaria ajudando a população, de que a FAB [Força Aérea Brasileira] não teria agilidade e que o Exército e a PRF [Polícia Rodoviária Federal] estariam impedindo caminhões de auxílio. Destaco com preocupação o impacto dessas narrativas na credibilidade das instituições como o Exército, FAB, PRF e ministérios, que são cruciais na resposta a emergências. A propagação de falsidades pode diminuir a confiança da população nas capacidades de resposta do Estado, prejudicando os esforços de evacuação e resgate em momentos críticos. É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises”.

De acordo com o Ministério da Justiça, a investigação irá apurar ilícitos ou eventuais crimes relacionados à disseminação de desinformação e individualização de condutas.

Em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU), serão acionados órgãos competentes para ações judiciais de responsabilização dos culpados.