A PGR (Procuradoria-Geral da República) tem a suspeita de que Alexandre Ramagem, diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo de Jair Bolsonaro, se corrompeu para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante sua gestão.
Informações contra Ramagem, cotado para disputar a Prefeitura do Rio de Janeiro, foram utilizadas pelos investigadores para deflagrar a Operação Última Milha, em 20 de outubro, quando a Polícia Federal prendeu oficiais da agência e servidores foram afastados. Todos são suspeitos de participação na compra e uso do FirstMile, software capaz de monitorar a geolocalização de aparelhos celulares.
Hoje deputado federal pelo PL, Ramagem não foi alvo da ação, mas é citado no inquérito relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Por meio de sua assessoria, o ex-diretor da Abin disse que “representou na Polícia Federal” para obter informações sobre as questões abordadas na reportagem.
O uso do FirstMile veio a público após o jornal O Globo revelar que dois servidores da Abin envolvidos em uma suposta fraude licitatória no Exército citaram a utilização da ferramenta pela agência no processo em que seriam demitidos.
Os dois servidores foram presos na operação da PF e demitidos no mesmo dia. Eles são suspeitos de coerção ao utilizar o conhecimento sobre o uso do software espião para evitar a demissão em um processo disciplinar interno.