O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a atacar o governo do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o demista, a gestão bolsonarista é um “deserto de ideias”.
A declaração foi feita em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste sábado (23.mar.2019).
No comando da Câmara desde julho de 2016, Rodrigo Maia fez críticas à articulação do Palácio do Planalto para aprovar as mudanças no sistema de aposentadorias. De acordo com o demista, o “Brasil precisa sair do Twitter e ir para a vida real”. Maia declara ainda que o Palácio do Planalto não tem projetos para o país além da reforma da Previdência.
“Ninguém consegue emprego, vaga na escola, creche, hospital por causa do Twitter. Precisamos que o País volte a ter projeto. Qual é o projeto do governo Bolsonaro, fora a Previdência? Fora o projeto do ministro Moro? Não se sabe. Qual é o projeto de um partido de direita para acabar com a extrema pobreza? Criticaram tanto o Bolsa Família e não propuseram nada até agora no lugar. Criticaram tanto a evasão escolar de jovens e agora a gente não sabe o que o governo pensa para os jovens e para as crianças de zero a três anos. O governo é um deserto de ideias”, afirmou.
A declaração é mais uma da série de desentendimentos entre Congresso e governo. Na sexta-feira, 22, Maia disse que a responsabilidade de angariar votos para a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) é de Bolsonaro, e não dele.
Segundo a jornalista Mônica Bergamo, ele teria dito em telefonema ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que praticaria a “nova política”, ou seja, não fazer nada e esperar aplausos nas redes sociais.
Na avaliação do chefe da Câmara, Guedes é “uma ilha” dentro do Executivo. “Nós temos uma ilha de governo com o Paulo Guedes. Tirando ali, você tem pouca coisa. Ou pouca coisa pública”, disse o deputado.
Também na sexta, Bolsonaro comparou Maia a uma namorada que ia embora. Disse não ter dado motivos para que o presidente da Câmara deixasse a articulação pela reforma da Previdência. Governistas –como a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e o senador e filho do presidente, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)– exaltaram o demista.
Eis os tweets:
Maia respondeu: “Eu não preciso almoçar, não preciso do café e não preciso voltar a namorar. Eu preciso que o presidente assuma de forma definitiva o seu papel institucional, que é liderar a votação da reforma da Previdência, chamar partido por partido que quer aprovar a Previdência e mostrar os motivos dessa necessidade”.