“Maceió não tem nada”.
Foi a fala de uma aloprada que se sente um ser acima das estrelas. E de repente, de tão bizarra, pode até ser um ET.
Agora imagina se Maceió tivesse alguma coisa, na visão da tal influencer?
Aí, certamente ela iria querer instalar aqui o seu legado de idiotia para tentar se sobrepor ao mundo do pertencimento de cada nativo, apaixonado pela terra de patrimônio cultural e riquezas naturais, que ela, preconceituosa e sem conteúdo, jamais teria condições de perceber.
O mundo atual trouxe à evidência esse tipo de gente, que costuma fazer da bizarrice e da ignorância cultural a maneira mais proveitosa de viver, notadamente, cultuada e comemorada pelos iguais.
Para nós outros, Maceió é como um rito de Djavan. Ou seja, um bem querer que “é segredo, é sagrado/ está sacramentado em meu coração”.
Mas, querer que a futilidade entenda isso é pedir demais.
Para não gastar tempo, nem valorizar a leviandade alheia, fica, portanto, a recomendação do poema do saudoso Noaldo Dantas, com o título:
O dia em que Deus criou Alagoas
Em verdade, não se cria um estado com tanta beleza, sem cumplicidade.
Sou capaz de imaginar o dia da criação de Alagoas.– Ô São Pedro, pegue o estoque de azul mais puro e coloque dentro das manhãs encarnadas de sol; faça do mar um espelho do céu povilhado de jangadas brancas; que ao entardecer sangre o horizonte; que aquelas lagoas que estávamos guardando para uso particular, coloque-as neste paraíso.– E tem mais, São Pedro: dê a esse estado um cheiro sensual de melaço e cubra os seus campos com o verde dos canaviais. As praias… Ora, as praias deverão ser fascinantementes belas, sob a vigilância de ativos e fiéis coqueirais. Faça piscinas naturais dentro do mar; coloque um povo hospitaleiro e bom; e que a terra seja fértil e a comida típica melhor que o nosso maná.– Dê o nome de Alagoas e a capital pela ciganice e beleza de suas noites, deverá chamar-se Maceió e a padroeira; Nossa Senhora dos Prazeres.