19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

TSE remove tarde demais vídeos de Bolsonaro sobre “kit gay”

Após anos falando mentiras, candidato já convenceu muitos através de factóides e fake news

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a remoção de seis postagens, no Facebook e no YouTube, em que o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, faz críticas ao livro “Aparelho Sexual e Cia.”, afirmando que foi integrada nas escolas públicas quando Fernando Haddad (PT) comandava o Ministério da Educação.

Bolsonaro afirma que o livro é “uma coletânea de absurdos que estimula precocemente as crianças a se interessarem pelo sexo”. “No meu entender, isso é uma porta aberta para a pedofilia”, diz o candidato do PSL, que ainda afirma que “esse é o livro do PT”.

Justiça feita, mas tarde demais. Após anos falando esta mentira, Bolsonaro convenceu milhares (ou milhões) de que isto seria verdade. Ele chegou até mesmo a mentir na bancada do Jornal Nacional. Ou seja: sua campanha de mentiras vem mesmo dando certo. De que adianta desmentir tanto tempo depois, quando o assunto já foi aceito tão passiva e bovinamente?

Outro lado

O Ministério da Educação (MEC) já afirmou em diversas oportunidades que não produziu nem adquiriu ou distribuiu “Aparelho Sexual e Cia.”. O livro é uma publicação da editora Companhia das Letras publicada em 10 idiomas.

“O candidato vem proferindo esta grave mentira há mais de dois anos. A informação de que o livro seria distribuído em escolas públicas começou a ser difundida por Bolsonaro no dia 10 de janeiro de 2016 através de um vídeo que publicou no Facebook”, observa a coligação de Haddad.

Decisão

O ministro do TSE, Carlos Horbach, disse ser notório o fato de que o projeto ‘Escola sem Homofobia’ não chegou a ser executado pelo Ministério da Educação, do que se conclui que não ensejou, de fato, a distribuição do material didático a ele relacionado.

“Assim, a difusão da informação equivocada de que o livro em questão teria sido distribuído pelo MEC gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político, o que recomenda a remoção dos conteúdos com tal teor”, concluiu Horbach.