8 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Alfredo Gaspar assina nota oficial após promotor ser ameaçado pelo PCC

Alagoano presidente do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas mostrou indignação com o caso

Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe do PCC

Duas mulheres foram presas neste sábado (8) após serem flagradas deixando a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, com cartas de chefões da facção criminosa PCC ordenando o assassinato de duas pessoas, entre elas um promotor de Justiça.

De acordo com as mensagens, essas mortes devem ocorrer caso a transferência dos chefes da facção para presídios federais se concretize nos próximos dias, entre eles o número 1 do grupo, Marco Camacho, o Marcola.

O alvo principal do ataque seria o promotor Lincoln Gakiya, responsável pelo pedido de transferência, e que investiga há anos o crime organizado. O outro alvo seria um dos coordenadores da Secretaria da Administração Penitenciária na região de Presidente Venceslau, onde estão presos esses criminosos.

E o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, que ao final de agosto assumiu a presidência do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC) assinou uma nota oficial repudiando as ameaças e sendo favorável à transferência.

Ele, que assumiu o GNCOC prometendo ação forte contra o combate aos crimes de corrupção e tributários, lavagem de dinheiro, tráfico e crimes cibernéticos, disse ser “inconcebível componentes de organizações criminosas fazerem frente ao Estado brasileiro, com demonstração de táticas terroristas, sem que haja uma dura e imediata resposta das instituições”.

O recém reeleito chefe do Ministério Público de Alagoas cobrou poderes e instituições a zelarem e preservar “a vida desse aguerrido membro do Ministério Público brasileiro”, dando ainda um recado direto aos criminosos: “mexeu com um, atingiu a todos. Transferência já”

Segue a nota completa:

Indignados com a audácia de criminosos que ameaçaram, em razão do cumprimento de sua função, retaliar o honrado e destemido promotor de justiça Lincoln Gakiya, que integra os quadros do Ministério Público de São Paulo, os membros do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC) vêm prestar total e irrestrito apoio ao valoroso colega.

Nos dias atuais, é inconcebível componentes de organizações criminosas fazerem frente ao Estado brasileiro, com demonstração de táticas terroristas, sem que haja uma dura e imediata resposta das instituições. A transferência imediata desses facínoras para um presídio de segurança máxima em regime de RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) é medida urgente e necessária. Que este gravíssimo caso sirva de parâmetro para mudanças imediatas da legislação, de modo que haja o endurecimento das penas e dos regimes.

O Brasil, por meio de seus poderes e instituições, tem a obrigação de zelar e preservar a vida desse aguerrido membro do Ministério Público brasileiro, e mais ainda, tem o compromisso de velar pela soberania nacional, subjugando de forma clara e eficiente esses bandidos faccionados.

Centenas de promotores e procuradores do Ministério Público, componentes do GNCOC, irmanados com o colega ameaçado, requerem a IMEDIATA transferência dos líderes criminosos, arquitetos desse plano covarde, para um presídio federal.

Chega! A ousadia desses bandidos precisa ter um fim, e o Estado tem que ser maior e resolutivo.

Juntos estamos, juntos permaneceremos, juntos continuaremos a combater a criminalidade, venha ela de onde vier. E saibam, cada ameaça se tornará uma mola propulsora da concretização dos nossos ideais de justiça.

A esses criminosos covardes, um recado: mexeu com um, atingiu a todos. Transferência já.

Procurador-geral de justiça de Alagoas

Presidente do GNCOC