19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Alagoas

Arquiteta recupera visão após transplante de córnea e enfatiza a importância da doação de órgãos

Ela perdeu a visão depois de contrair uma bactéria durante o processo pós-operatório de uma cirurgia refrativa

Pauline Marques perdeu a visão depois de contrair uma bactéria durante o processo pós-operatório de uma cirurgia refrativa. Foto: Micael Oliveira / Ascom Sesau

Voltar a enxergar o mundo com o olho direito foi a grande conquista da vida da arquiteta Pauline Marques, de 29 anos. Um transplante de córnea de urgência permitiu que ela recuperasse a visão, após contrair uma bactéria durante o processo pós-operatório de uma cirurgia refrativa

Pauline Marques tinha 27 anos quando decidiu passar pelo procedimento refrativo ocular, uma cirurgia a laser que corrige miopia, hipermetropia, astigmatismo. “Tinha acabado de me formar quando resolvi fazer a cirurgia. Obviamente não esperava que fosse acontecer alguma coisa, pois é um procedimento muito comum. Esperei exatamente o fim da faculdade para passar pelo processo, pois não sabia como seria o pós-operatório”, recordou.

Devido ao diagnóstico de urgência, com possibilidade de perda do globo ocular, a arquiteta teve prioridade na lista de espera para o transplante de córnea para o olho direito. “Devido à gravidade do meu quadro clínico, foi necessário realizar um transplante de urgência, pois não era só a visão que poderia perder, mas todo globo ocular”, relatou Pauline Marques.

 

Emocionada, ela relembrou que perdeu a visão do olho direito durante os dez dias que aguardou pelo transplante. “Foram dez dias angustiantes! A espera pela córnea, as dúvidas de quando ela iria aparecer, quando receberia a ligação, se iria voltar a enxergar, se o outro olho também teria a necessidade de transplante, se seria urgência. Os dias passavam lentos, como se esses dez dias fossem dois anos. Tinha muito medo, uma ansiedade muito grande de como seria minha vida a partir de agora, mas, enfim, recebi a ligação para o transplante”, relatou com emoção.

Ainda na lista de espera para transplante de córnea para o olho esquerdo, Pauline Marques ocupa a 190º posição. “Meu olho esquerdo ainda precisa do transplante, tem 189 pessoas na minha frente e é importante que as pessoas se conscientizem e saibam da importância que a doação de órgãos representa na vida das pessoas que estão precisando”, frisou.

A arquiteta ressaltou a importância da conscientização dos familiares sobre a doação de órgãos. “Só quando precisamos de um órgão é que entendemos a importância da doação. Como não é um assunto muito falado na sociedade, precisamos que o assunto seja discutido com os familiares, para que eles saibam nossa posição diante da possibilidade de doação. Dizer sim à doação é um ato de amor, de esperança, tanto para quem recebe quanto para quem doa”, destacou. Como funciona a doação?

A Central de Transplantes de Alagoas segue normas estabelecidas por lei para identificar os possíveis receptores para cada órgão de um doador. Além da tipagem sanguínea, são analisados dados antropométricos entre doador e receptor, compatibilidade genética e priorização para pacientes em estado grave.

Em Alagoas, de janeiro até agosto, foram realizados 95 transplantes, sendo 86 de córneas, seis de fígado e três de rim. Das 536 pessoas que aguardam por um transplante de órgãos no Estado, 512 esperam pela doação de córneas,18 por um rim e seis por um fígado.

A coordenadora da Central de Transplante de Alagoas, Daniela Ramos, salienta que o Setembro Verde intensifica, ainda mais, a campanha em prol de sensibilizar as pessoas para a doação de órgãos. É neste mês que são desmistificadas todas as dúvidas, os mitos, os tabus que envolvem esse processo da doação, porque para ter transplante, é preciso que se tenha a doação autorizada.

“Primeiro de tudo é importante a nossa decisão, porque nós precisamos decidir que queremos ser um doador e queremos continuar salvando vidas. Depois, a gente precisa compartilhar essa decisão com os nossos familiares, porque só eles, no momento da fatalidade, no momento da dor, vão poder decidir sim ou não à doação de órgãos”, pontuou a coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Alagoas.