Faixas nas ruas, diálogo com a sociedade, solidariedade, arte, flores, música, tambores, e a cabeça erguida de quem tem consciência do seu valor, e exige respeito! Não faltou nada na mobilização dos jornalistas alagoanos, nesta segunda-feira (01), dando sequência à greve iniciada no dia 25 de junho, contra a redução salarial de 40% proposta pelos patrões, nos principais veículos de comunicação do estado.
Pela manhã, apesar da chuva forte, jornalistas realizaram manifestação com faixas na Avenida Fernandes Lima e passeata no Centro de Maceió, dialogando com a sociedade sobre os motivos da greve, com uma receptividade impressionante. Em Arapiraca, jornalistas que atuam nas sucursais – 100% em greve – também foram às ruas, com rosas e panfletos para explicar os motivos da greve. Ganharam sorrisos e abraços de apoio.
Na concentração, em frente à TV Gazeta, os jornalistas somaram resistência e diálogo, mesmo diante da ameaça dos patrões, que tentaram intimidar o movimento com a presença da polícia, que desligou e tentou apreender o carro de som: Denúncia de perturbação da ordem – como se não fosse perturbação a tentativa das empresas, de reduzirem 40% do salário com o qual o trabalhador jornalista sustenta a sua família.
No final do dia, shows musicais para distensionar, apresentações coroadas com os Tambores de Jaraguá, que tocaram, encantaram e trocaram experiência, ensinando a arte do batuque aos jornalistas em greve. Momento mágico…
O QUE NOS FAZ FORTES
Apesar de longa, a greve se fortalece a cada dia. Nesta segunda-feira teve a alegria de novas adesões de colegas que deixara suas bancadas, nas emissoras de TV, e uniram-se ao movimento. Restam poucos.
Entre os que estão desde o começo, o semblante cansado de quem está a sete dias na luta contínua, enfrentando a chuva e o sol, do amanhecer até o anoitecer, contrasta com a força e a disposição com que encaram cada atividade da greve, com a determinação e a coragem de quem sabe o que quer (e o que não quer).
Nessa caminhada árdua em defesa da dignidade e valorização profissional, os jornalistas têm alento na unidade da categoria, na descoberta da força demonstrada por cada um que luta em defesa da coletividade e no amplo apoio da sociedade, manifestado diariamente em inúmeras mensagens recebidas do mais simples cidadão a personalidades expressivas de Alagoas e de várias partes do país.
Sindicatos e demais entidades de classe; gestores, parlamentares, magistrados, delegados, representantes de instituições públicas e privadas, somam no apoio presencial ou por meio de mensagens gravadas, e na decisão de não conceder entrevistas a profissionais que estão furando greve. (Aplausos aos que têm essa coragem de se posicionar ao nosso lado, considerando a força de quem está do outro lado da questão: os donos das empresas de comunicação.
Nunca se viu uma greve com tanta adesão e empatia popular.
Da solidariedade revelada nos pequenos gestos: a buzina do carro que passa; o dono da padaria que desde o primeiro dia não deixa faltar o cafezinho; a sorveteria que refresca o calor da jornada com a remessa de picolés; a sandubaria que vez por outra abastece a nossa gula; a floricultura; os músicos e outros artistas que emprestam sua voz e sua arte em magníficas ‘canjas’ para animar o dia a dia da greve dos jornalistas.
E são tantos, todos os dias, com tamanha doação e boa vontade, que enchem nossos corações de alegria e esperança.
A mesma esperança que nos vem como alento, no parecer do Ministério Público do Trabalho, pelo reconhecimento da legalidade da greve.
Estamos nessa luta para vencer. E a vitória tão almejada não é nada mais que o direito de preservar nosso piso salarial, sem o corte de 40% pretendido pelos empresários de comunicação.
Que a justiça prevaleça.
#Reduçãosalarialnão.