19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Policia

Arthur Lira usou na eleição picape que PF flagrou fazendo delivery de dinheiro desviado

Veículo foi emprestado por policial investigado em caso de kit robótica

Arthur Lira (PP-AL), , presidente da Câmara, usou na campanha eleitoral do ano passado a mesma Toyota Hilux preta que foi monitorada e fotografada pela Polícia Federal em janeiro deste ano, durante uma entrega de dinheiro supostamente proveniente de desvios em contratos de compra de kits de robótica.

A picape em questão está formalmente registrada em nome de Murilo Sergio Juca Nogueira Júnior, um policial civil e empresário que foi alvo de busca e apreensão na operação Hefesto na semana passada.

Durante a operação, as autoridades encontraram um cofre abarrotado com pelo menos R$ 4,4 milhões em dinheiro vivo em um endereço relacionado a Murilo.

De acordo com a prestação de contas apresentada por Liraa à Justiça Eleitoral no ano passado, consta que Murilo emprestou a mesma Hilux gratuitamente ao presidente da Câmara por um período de dez dias para uso em sua campanha eleitoral. Essa doação foi estimada em R$ 4.000, conforme declarado pelo policial.

A Polícia Federal cumpriu na semana passada mandados de prisão e de busca e apreensão contra aliados de Lira em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

O presidente da Câmara já afirmou que não se sente atingido pela operação da PF, que não tem “absolutamente nada a ver com o que está acontecendo” e que cada um é “responsável pelo seu CPF nesta terra e neste país”.

Megalic

De acordo com a apuração da PF, o policial Murilo Sergio recebeu R$ 550 mil de Edmundo Catunda, sócio da Megalic, empresa de um aliado de Lira que venceu licitações para venda dos kits de robótica e está no centro das investigações. Uma empresa dele também recebeu valores direto da Megalic.

O monitoramento feito pela PF em janeiro deste ano mostrou que a Hilux em nome de Murilo Sergio foi usada no final de janeiro em Maceió por um casal suspeito se ser responsável por operar um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao caso do kit robótica.

Em Maceió, a PF monitorou e filmou o casal usando a mesma Hilux utilizada por Lira na campanha durante um saque e uma entrega em um prédio de escritórios na cidade.

A Megalic não produz os kits, é apenas uma intermediária, embora tenha fechado contratos milionários. A empresa está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD), políticos próximos a Lira.

De acordo com a nota da PF, a investigação identificou “que foram realizadas, pelos sócios da empresa fornecedora e por outros investigados, movimentações financeiras para pessoas físicas e jurídicas sem capacidade econômica e sem pertinência com o ramo de atividade de fornecimento de equipamentos de robótica, o que pode indicar a ocultação e dissimulação de bens, direitos e valores provenientes das atividades ilícitas”.

Segundo a PF, os crimes teriam sido cometidos entre 2019 em 2022 em contratos de 43 municípios alagoanos, o que pode ter gerado um prejuízo de R$ 8,1 milhões aos cofres públicos.