O jornalista Paulo Capelli (Metrópoles) traz um relato duro e esclarecedor de um tenente militar do Distrito Federal sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, na tentativa de consolidar um golpe militar no País.
O militar prestou depoimento em vídeo, como descreve o colunista brasiliense:
-Tenente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marco Teixeira, comandante da 3ª Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do Batalhão de Choque, disse à Justiça Federal que militares do Exército largaram os escudos e correram durante a invasão ao Palácio do Planalto no 8 de Janeiro. “Tive de grudar pela farda e mandar voltar”, relatou.
No depoimento em vídeo, obtido pela coluna, Teixeira afirmou que ele e seus homens chegaram a “lutar pela própria vida” ao brigar com extremistas nas imediações do Congresso Nacional. E que, em número reduzido e já sem equipamentos, recorreram em vão a militares das Forças Armadas.
“Fomos repelidos até a primeira guarita do Palácio do Planalto, onde havia um pelotão do Exército. Estávamos em frangalhos e pedimos a intervenção deles. Inicialmente, recebemos uma resposta negativa”, relatou.
O policial afirmou que, apenas após extremistas pularem os gradis em direção ao Planalto, o Exército começou a atuar em conjunto com a PMDF. Teixeira disse que militares das Forças Armadas chegaram a fugir por conta das bombas de gás lacrimogêneo.
“Chegou ao extremo de eu e outros policiais encostarmos o rosto na parede, para conseguir respirar. Os militares do Exército, talvez por não terem treinamento, em duas ocasiões largaram o escudo e correram. Nós (policiais militares) precisamos grudá-los literalmente pela farda e mandá-los voltar”, relatou.
“Eu percebi que eles não estavam conseguindo lidar com a situação. Em determinado momento, eu assumi o comando do pelotão do Exército sem oposição do oficial que estava à frente. Teve até um vídeo que circulou em que o subtenente Beroaldo fala para ele: ‘Comanda a sua tropa, larga de frouxura’.
“Lutamos por nossas vidas”
Ainda no relato feito ao juiz Roberto da Silva Freitas, Teixeira afirmou que, no auge do conflito, ele e colegas de farda chegaram a “lutar por suas vidas”. O depoimento foi dado em julgamento que inocentou o policial de lesão corporal leve por aplicar uma rasteira em uma manifestante extremista.