19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Atos golpistas: Tenente diz em vídeo que Exército largou o escudo e correu no dia 8 de janeiro

Militar fez depoimento à Justiça e acusou os homens do Exército de despreparados e frouxos

O jornalista Paulo Capelli (Metrópoles) traz um relato duro e esclarecedor de um tenente militar do Distrito Federal sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, na tentativa de consolidar um golpe militar no País.

O militar prestou depoimento em vídeo, como descreve o colunista brasiliense:

-Tenente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Marco Teixeira, comandante da 3ª Companhia de Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) do Batalhão de Choque, disse à Justiça Federal que militares do Exército largaram os escudos e correram durante a invasão ao Palácio do Planalto no 8 de Janeiro. “Tive de grudar pela farda e mandar voltar”, relatou.

No depoimento em vídeo, obtido pela coluna, Teixeira afirmou que ele e seus homens chegaram a “lutar pela própria vida” ao brigar com extremistas nas imediações do Congresso Nacional. E que, em número reduzido e já sem equipamentos, recorreram em vão a militares das Forças Armadas.

“Fomos repelidos até a primeira guarita do Palácio do Planalto, onde havia um pelotão do Exército. Estávamos em frangalhos e pedimos a intervenção deles. Inicialmente, recebemos uma resposta negativa”, relatou.

O policial afirmou que, apenas após extremistas pularem os gradis em direção ao Planalto, o Exército começou a atuar em conjunto com a PMDF. Teixeira disse que militares das Forças Armadas chegaram a fugir por conta das bombas de gás lacrimogêneo.

“Chegou ao extremo de eu e outros policiais encostarmos o rosto na parede, para conseguir respirar. Os militares do Exército, talvez por não terem treinamento, em duas ocasiões largaram o escudo e correram. Nós (policiais militares) precisamos grudá-los literalmente pela farda e mandá-los voltar”, relatou.

“Eu percebi que eles não estavam conseguindo lidar com a situação. Em determinado momento, eu assumi o comando do pelotão do Exército sem oposição do oficial que estava à frente. Teve até um vídeo que circulou em que o subtenente Beroaldo fala para ele: ‘Comanda a sua tropa, larga de frouxura’.

Eu apareço também nesse vídeo, dando orientações e comandos para a tropa do Exército”, afirmou Teixeira. Como mostrou a coluna, o Plano Escudo, protocolo de defesa do Palácio do Planalto, foi ignorado pelo general Gonçalves Dias, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

“Lutamos por nossas vidas”

Ainda no relato feito ao juiz Roberto da Silva Freitas, Teixeira afirmou que, no auge do conflito, ele e colegas de farda chegaram a “lutar por suas vidas”. O depoimento foi dado em julgamento que inocentou o policial de lesão corporal leve por aplicar uma rasteira em uma manifestante extremista.