20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Áudios de Cid apontam que gastos de Michelle Bolsonaro eram pagos em dinheiro vivo

Diálogos revelam uma “dinâmica relacionada a depósitos em dinheiro para contas de terceiros”

O tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, teve diálogos com assessoras da gestão de Jair Bolsonaro que revelaram a existência de uma instrução para efetuar pagamentos em dinheiro vivo referentes às despesas da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Cid estava preocupado com a possibilidade de essa prática ser caracterizada como um esquema de rachadinha, uma vez que não havia comprovação da origem dos recursos. As conversas ocorreram por meio de áudios enviados por um aplicativo de mensagens.

Esses diálogos, obtidos com exclusividade pelo Uol, foram interceptados pela Polícia Federal através da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, que foi preso no dia 3 de maio sob suspeita de fraude em certificados de vacina contra a Covid-19.

A PF realizou uma extensa análise das transações financeiras de Mauro Cid e de auxiliares do Palácio do Planalto, o que levou a indícios da existência de um esquema de desvio de recursos públicos com o propósito de custear as despesas da primeira-dama Michelle.

Conforme relatado no relatório de análise da PF, os diálogos revelam uma “dinâmica relacionada a depósitos em dinheiro para contas de terceiros, com a orientação de não deixar registros e impossibilitar transferências”.

Durante a investigação, foi constatado que a primeira-dama Michelle Bolsonaro utilizava um cartão de crédito vinculado à conta de uma amiga sua, Rosimary Cardoso Cordeiro, que ocupava o cargo de assessora parlamentar no Senado.

Ao analisar os dados bancários de Mauro Cid e de outros funcionários do Planalto, a PF identificou depósitos em dinheiro vivo para Rosimary, visando cobrir as despesas do cartão de crédito, numa tentativa de ocultar a origem dos recursos.

Como resultado disso, duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid, manifestando preocupação com possíveis irregularidades nos pagamentos das despesas de Michelle.