21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Barrando quebra de sigilo de Temer, Dodge pede ao STF que Segovia não interfira

Abertamente a Procuradora-Geral da República se diz favorável a investigação total, mas nos bastidores a indicada de Temer age diferente

A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu nesta segunda-feira (26) que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, emita uma ordem judicial para que o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, se abstenha de “qualquer ato de ingerência” sobre o inquérito que apura se o presidente Michel Temer (MDB) favoreceu empresas no porto de Santos (SP) por meio de um decreto em troca de propinas, sob pena de afastamento do cargo.

Na manifestação apresentada pela procuradora-geral, Raquel Dodge, ela apontou que o cargo ocupado por Segovia tem natureza administrativa e que ele não tem atribuição para conduzir investigações.

Em entrevista concedida pelo diretor-geral da PF à agência de notícias Reuters, no último dia 9, Segóvia disse não haver indício de crime no inquérito. Ele indicou ainda que a investigação pode ser arquivada em pouco tempo. O inquérito, instaurado em setembro do ano passado, está sob responsabilidade de Barroso no Supremo.

Quebra de sigilo

Por outro lado, contrariando pedido feito pela Polícia Federal, a procuradora-geral da República Raquel Dodge se negou a requisitar ao Supremo Tribunal Federal a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Michel Temer. Alegou que não há, por ora, elementos que justifiquem a providência. Apura-se a suspeita de recebimento de propina em troca da edição de um decreto que favoreceu empresas do setor portuário.

Em notícia veiculada pelo repórter Aguirre Talento, do Globo, ele conta que Dodge requisitou ao Supremo, em 12 de dezembro de 2017, apenas a quebra dos sigilos de outros investigados. Entre eles Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor da Presidência; e o coronel aposentado da PM paulista João Baptista Lima, amigo de Temer há tês décadas. Ambos são suspeitos de receber propinas em nome do presidente.