20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro supera pesquisas Ipec ou Datafolha e com ajuda de abstenções encosta em Lula

Últimas projeções colocavam o presidente na casa dos 36%, mas TSE mostrou presidente com mais de 43% das intenções de voto

Durante toda a pré-campanha e campanha presidencial, as principais pesquisas de intenção de voto, Datafolha e Ipac (antigo Ibope), apontam o ex-presidente Lula com ampla distância frente ao presidente Jair Bolsonaro. Até mesmo com chances de vitória já no 1º turno, com mais de 50% das intenções de voto.

Apurada as urnas neste domingo, após as eleições de 2 de outubro, isso não aconteceu. E não só isso, como o presidente Jair Bolsonaro apresentou mais de 43% das intenções de voto, com Lula não chegando aos 48%. A vitória do petista aconteceu, mas a distância não foi a projetada.

O que aconteceu?

Antes de tudo, isso não significa tecnicamente o fim da confiança nas pesquisas. O Datafolha, ao menos, desde que Collor venceu Lula em 1988, sempre acertou o primeiro colocado:

Mesmo assim, é completamente compreensível quem desconfia e menospreza a ciência das pesquisas. Funcionando por amostragem, apesar de questionarem muito menos 15 pessoas por pesquisa, os escolhidos são uma projeção do eleitorado. Gêneros, classes sociais e idades são uma representação que espelha todos os eleitores do Brasil. E possuem margem de erro, com 95% de acerto. Além de mostrarem uma foto do momento.

Mas, desta vez, elas erraram.

Na véspera da eleição, o Datafolha entrevistou 12.800 pessoas em 310 cidades, com registro BR-00245/2022 no Tribunal Superior Eleitoral. Lula teria 50% dos votos. Por causa da margem de erro, Lula se aproximar dos 48% mostrou a certeza da ciência. O problema é que Bolsonaro passou dos 43%, com projeções cravando ele com apenas 36% – uma diferença de mais de sete pontos.

Leia mais: Datafolha e Ipec na véspera da eleição apontam Lula com mais de 50% dos votos

As eleições deste ano tiveram abstenção semelhante à de 2018, quando Bolsonaro enfrentou Haddad (PT). Ou seja, agora em 2022 tivemos uma abstenção de aproximadamente 21%. Mais de 31,5 milhões de pessoas não votaram. E como a diferença de votos entre Lula e Bolsonaro ficou na casa dos 5 milhões, estes definitivamente fizeram falta.

Além disso, é preciso levar em conta o voto envergonhado ou não declarado, daqueles que se disseram indecisos às pesquisas, mas que hoje sabemos que, obviamente, possuem um candidato. Só que mesmo estes votando em Bolsonaro, as pesquisas errarem demais. Os 31,5 milhões de ausentes definitivamente fizeram mais falta para Lula do que quem votou na “3º via”.

É possível que a não ida destes eleitores tenha quebrado a balança e mudado o cenário do Datafolha. Mas é algo que deveria ser levado em conta e com os aliados de Jair desmentindo as pesquisas (e até mesmo as urnas), um erro deste tamanho é problemático. Ainda mais se levar em conta que o presidente elegeu mais de 10 senadores neste domingo, muitos deles que estavam a perigo.

Até mesmo o desafeto Moro (UB) será senador pelo Paraná, depois de meses perigando perder para Álvaro Dias (Podemos), que nas urnas ficou apenas em terceiro.

A amostragem para votos em presidente, sem dúvidas, tem mais chances de acerto do que para Senado em um estado, com uma porcentagem menor da amostragem, só que fica ainda aquela dúvida: as pesquisas ficaram com a confiabilidade arranhadas?

Aliados do presidente já não acreditavam e agora ficou pior. Especialmente com Bolsonaro na liderança da apuração até exatos 70% de apuração, quando Lula ultrapassou o presidente. Agora é saber se nem mesmo outros mais eleitores vão deixar de confiar nestas apurações. Só que de uma coisa é certa: assim como em 2018, Bolsonaro é um erro estatístico.