7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro decide não participar da manifestação de domingo

Ao menos foi sua orientação aos ministros

Governo Bolsonaro vive momento crítico

Após ser criticado por políticos da esquerda e até mesmo da direita, inclusive de dentro do governo, o  presidente Jair Bolsonaro decidiu não participar das manifestações de domingo (26) “em defesa do governo” e orientou seus ministros a também não comparecerem. A informação é do porta-voz presidencial, o general Otávio Rêgo Barros.

Bolsonaro chegou a considerar comparecer ao ato, chamado por apoiadores para se contrapor às manifestações do último dia 15 contra bloqueio nos recursos para a Educação, mas nesta terça-feira o presidente recomendou aos ministros sua esquiva da data. Apesar disso, ele disse que os mesmos “não deveriam ir como ministros”.

Os filhos do presidente, especialmente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, têm defendido as manifestações. Mas o ato encontrou divergência dentro do próprio partido de Bolsonaro, o PSL, incluindo Janaína Paschoal e o presidente do partido, além de grupos agregadores importantes, como o Movimento Brasil Livre (MBL).

Além de perigar pressionar os partidos do chamado centrão (partidos como DEM, PSD, PTB, PP e PR), o presidente nacional da sigla teme que surjam bandeiras que não são abraçadas pelo PSL ou pelo governo, como a da intervenção militar.

Sem apoios

Os grupos de direita estão rachados e os bolsonaristas precisaram adaptar discurso para excluir motes radicais e tentar ampliar a adesão de apoiadores do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Para evitar polêmicas, o discurso na rede é evitar fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal), por exemplo, e sim atacar o centrão, considerado responsável por paralisar o governo.

As convocações falam também em demonstrar apoio à reforma da Previdência e ao pacote anticrime do ministro Sergio Moro, pedir a continuidade da Operação Lava Jato e defender a obrigação do voto nominal como estratégia para constranger parlamentares em projetos polêmicos.

Mas o apoio de outros protestos minguou. Movimentos com estrutura mais robusta, como MBL (Movimento Brasil Livre) e VPR (Vem pra Rua), que atuaram como indutores dos protestos pela queda de Dilma Rousseff (PT), evitaram aderir à iniciativa. A principal justificativa para pularem fora foi a de existir radicalismo nas propostas contra Legislativo e STF.

O Vem pra Rua chegou a ser procurado para se envolver na convocação de domingo, mas se retirou quando notou “o absurdo que eram as pautas”, segundo Adelaide Oliveira, coordenadora nacional.