5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro gastará mais de R$ 60 bilhões para tentar melhorar sua aprovação

Presidente apela para o populismo com isenções, reajustes e Bolsa Família maior, ignorando equilíbrio fiscal e o Orçamento da União

Em baixa nos índices de popularidade, o presidente Jair Bolsonaro está pagando caro para melhor sua aprovação. E às custas de nosso dinheiro e endividamento.

Mais preocupado com a própria imagem e a reeleição, as medidas populares de Bolsonaro já alcançam R$ 67 bilhões dos cofres públicos em 2022. O que, invariavelmente, terá maior impacto fiscal nos próximos anos.

A pressão, claro, cai na equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem ânsia de fazer exatamente o contrário: cortar gastos. E para gastar mais, ele tem que justificar:

  • R$ 26 bilhões em isenção para o diesel;
  • R$ 25 bilhões para expandir o Bolsa Família;
  • R$ 7,7 bilhões de estados e municípios com a Reforma Tributária;
  • R$ 5 bilhões, pelo menos, com o aumento no funcionalismo.

Isso porque o governo já começa a discutir uma proposta para parcelar os precatórios, as dívidas de sentenças judiciais contra a União. Algo só possível driblando o teto de gastos e empurrando as dívidas para 2022.

Há quem não chame de drible, mas de pedalada mesmo, pois o teto de gastos foi pro espaço. Sem a obrigação do limite de gastos, o governo Bolsonaro vai abrir espaço para outras despesas e se preocupar com a dívida só mais pra frente.

Curiosamente, Bolsonaro, que tem pena dos ricos e joga para o resto da população a obrigação tributária, vai comandar um governos com perda anual permanente de R$ 30 bilhões da arrecadação dos cofres públicos no projeto de Imposto de Renda.

Além de todas as demandas diretas do presidente, deve ser motivo especial de problema para as contas de 2022 as chamadas emendas de relator, instrumentos usados para destinar valores extras a medidas de interesse de deputados, em geral, da base aliada do governo.

Quando o Congresso aprovou o Orçamento deste ano com os quase R$ 6 bilhões para o fundo eleitoral (iniciativa apoiada por todos os bolsonaristas), foi junto também os R$ 11 bilhões de um orçamento paralelo – agora, dinheiro dos ministérios será realocado (deslocado) para as emendas que o relator bem entender.

Não dá pra saber se Bolsonaro vai aumentar sua popularidade e conseguir sua reeleição com tantos gastos, mas uma coisa é certa: ele já possui a campanha política mais cara da história.