A publicidade tem a magia de seduzir, convencer, impulsionar, enfim, reverberar conceitos, imagens, atitudes.
O setor público bem sabe disso e faz da publicidade e propaganda a grande arma para atingir suas metas e ter a opinião pública como aliada. É natural e é necessário em qualquer governo.
Mas, custa absorver como normal o governo investir R$ 10 milhões em propaganda para convencer deputados e senadores a votarem a favor de um projeto.
Este é um roteiro com enredo mais que estranho. As autoridades abrem os cofres públicos para bancar a campanha de um projeto e não de um produto, de uma realização.
Com um detalhe: a campanha traz o slogan “a lei tem que estar acima da impunidade“. É a máxima exposição da hipocrisia, quando a lei neste País é desrespeitada diariamente. Ademais, ainda cabe a pergunta: a lei para quem?
Mas, é exatamente o que está fazendo o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), quando libera R$ 10 milhões para fazer a propaganda do pacote anticrime, criado pelo ex-juiz Sérgio Moro. O projeto está em discussão no Congresso.
Curioso, é que a história mais noticiada na mídia é que o País está em crise. Por isso verbas das universidades federais foram cortadas, do ensino básico também, da saúde idem, entre muitos outros contingenciamentos de recursos para as políticas públicas.
São R$ 10 milhões para fazer ver aos parlamentares que o “excludente de ilicitude” tem que ser aprovado, como quer a bancada da bala no Congresso Nacional. A campanha já está nas ruas de Brasília e chega aos meios de comunicação na próxima semana.
Isso soa como uma obsessão completamente desnaturada.
Um dia um saudoso compositor perguntou a todos: Que País é esse?
Que a cega Dedé lá de PJ nos abra os olhos.