25 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro, que dizia ser honesto, agora diz denúncias contra ele “não são consistentes”

Governo federal é alvo de série de suspeitas de casos corrupção, como no MEC e na Codevasf

Com a série de suspeitas de corrupção em seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teve que adaptar seu discurso. Agora, ao invés de se gabar por ser honesto e que ninguém pode chamá-lo de corrupto, o discurso prega pela falta de “denúncia consistente” dos casos em corrupção.

“Nosso governo até o momento não tem apresentado desvios de recursos, não tem denúncias consistentes sobre corrupção. Digo mais, se aparecer denúncia, nós ajudaremos a identificar os possíveis culpados e ajudar para que a justiça decida o seu destino”.

Ele disse isso hoje (5) durante discurso em solenidade de entrega da obra Vertente Litorânea, em Itatuba, na Paraíba.

“Pegamos em 2019 um Brasil com problemas éticos e morais. Um país saqueado por governos anteriores”.

Durante a fala, a plateia de apoiadores de Bolsonaro aproveitou para xingar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal adversário do presidente na disputa eleitoral de 2022.

Corrupção

A revelação de um balcão de negócios no Ministério da Educação e de suspeitas em contratos e na distribuição das bilionárias verbas das emendas parlamentares enfraquecem cada vez mais o discurso eleitoral repetido por Bolsonaro e aliados de que o governo federal está há três anos sem registrar casos de corrupção.

Os recentes escândalos que derrubaram Milton Ribeiro da Educação se somam a suspeitas antigas, à aliança com o outrora execrado centrão e à metódica ação nesses três anos para barrar investigações e esvaziar órgãos de fiscalização e controle.

A vice-líder em licitações da estatal federal Codevasf tem utilizado laranjas para participar de concorrências públicas na gestão Bolsonaro, candidato à reeleição. Trata-se da construtora maranhense Construservice, com sede em Codó (a 300 km de São Luís). Desde 2019, o governo já reservou a ela R$ 140 milhões, tendo desembolsado R$ 10 milhões disso até agora.

O combate à corrupção foi usado por Bolsonaro como plataforma política na campanha presidencial. Em novembro de 2018, após eleito, Bolsonaro afirmou que ministros alvo de acusações contundentes deveriam deixar o governo, o que não se concretizou na prática.