18 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Esportes

Brasil já tem 8 medalhas de ouro e está em 3º no quadro de medalhas

Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil conquistou dez medalhas em Paris. Três delas fizeram com que nossos esportistas recebessem suas láureas no lugar mais alto do pódio: na natação, com Carol Santiago levando o ouro nos 100m costas S12 (deficiência visual) e Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, fazendo o mesmo nos 50m costas, na classe S2 (limitações físico-motoras); e, no atletismo, com Fernanda Yara, nos 400m T47 (deficiência nos membros superiores).

Além das três medalhas douradas, o Brasil conquistou neste sábado (31/8) duas pratas e cinco bronzes. Em comum a todas elas, a presença do Bolsa Atleta, programa de patrocínio direto do Governo Federal.

Com isso, o País se manteve na terceira posição no quadro de medalhas em Paris, agora com 23 medalhas (oito ouros, três pratas e 12 bronzes), atrás apenas da China (20 ouros e 42 pódios) e da Grã-Bretanha (11 ouros e 25 medalhas).

Em toda a história das Paralimpíadas, o Brasil soma, até aqui, 396 medalhas. E a expectativa é de que neste domingo (1º/9) o país possa chegar (ou superar) a emblemática marca de 400 pódios na competição.

Quadro de medalhas ao fim do terceiro dia de competições: Brasil em terceiro lugar
Quadro de medalhas ao fim do terceiro dia de competições: Brasil em terceiro lugar

CAROL SOBERANA – A pernambucana Carol Santiago já tinha um histórico surreal em Jogos Paralímpicos. Na edição de Tóquio, disputou seis provas e foi ao pódio cinco vezes, com três ouros, uma prata e um bronze. Em Paris, ela veio com um programa ainda maior, com sete provas para disputar. Neste sábado, conquistou o primeiro ouro, nos 100m costas da Classe S12, e se tornou a brasileira mais premiada da história do megaevento, com quatro ouros, ao lado de Ádria Santos, do atletismo.

Na prova deste sábado, Carol terminou com 1min08s23, novo recorde das Américas, que já era dela. A prata ficou com a ucraniana Anna Stetsenko (1min09s43) e o bronze com a espanhola Maria Delgado Nadal (1min11s33).

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Carol Santiago após a vitória nos 100m costas S12: quarto ouro. Foto: Silvio Avila/CPB

“Eu tive esse privilégio de ter uma francesa na minha série. Eu pensava, isso é para mim, para não ficar muito nervosa. E foi incrível poder dar minha melhor natação. Realmente é uma satisfação que eu não sei nem descrever”, contou Carol que, por ter uma deficiência visual, não sabia se tinha ganho assim que encerrou a prova.

“Confesso que fiquei bem apreensiva, porque deixei minha vida ali. Não sabia se tinha chegado na frente. E aí de repente a Gabi (assistente) disse: ‘comemora que tu ganhou’. Aí eu comecei a comemorar, gente”.

Carol nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão. Ela praticou natação convencional até o fim de 2018, quando migrou para o esporte paralímpico.

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Gabrielzinho com os colegas de pódio dos 50m costas classe S2. Foto: Silvio Avila/CPB

BI DE GABRIELZINHO – O nadador mineiro Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, voltou à piscina da Arena La Défense, em Paris, neste sábado e conquistou a segunda medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos, ao vencer os 50m costas na classe S2 (limitações físico-motoras), com o tempo de 50s93, novo recorde das Américas na prova.

Vladimir Danilenko, da delegação de Atletas Paralímpicos Neutros (NPA), ganhou a prata, com o tempo de 57s54, e o chileno Alberto Caroly Abara Diaz levou o bronze, com 58s12. Ainda na natação, o brasiliense Wendell Belarmino conquistou a prata nos 50m livre S11, destinada a atletas com deficiência visual.

“Foi uma prova fantástica, sensacional!”, celebrou Gabrielzinho. “De manhã já tinha sido bom e eu sabia o que tinha que fazer para acertar e melhorar mais ainda. Só que foi um tempo que chama muita atenção. Foi muito bom e eu acho que eu não estou nadando, não, eu estou voando, estou flutuando na água”, prosseguiu o brasileiro, que na quinta-feira (29/8) subiu ao lugar mais alto do pódio nos 100m costas, também na classe S2, garantindo a primeira medalha dourada do Brasil em Paris.

Gabriel tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas, e conheceu a natação por meio de um professor de Educação Física da escola onde estudava, nos Jogos Escolares de Minas Gerais (JEMG).

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Fernanda Yara venceu os 400m T47 (amputados de braço) e conquistou seu primeiro ouro paralímpico. Foto: Marcello Zambrana /CPB

DOBRADINHA BRASILEIRA – A paraense Fernanda Yara venceu os 400m T47 (amputados de braço) e sagrou-se campeã paralímpica pela primeira vez na carreira. Ela fez seu melhor tempo pessoal na prova, com 56s74. Outra brasileira, a potiguar Maria Clara Augusto, completou o pódio na terceira colocação, com o tempo de 57s20, também sua melhor marca pessoal na disputa. Ambas conquistaram pela primeira vez uma medalha em Jogos Paralímpicos.

“A venezuelana é forte, então eu sabia que ela ia fazer os primeiros 300 metros muito fortes. Então, eu fiz a minha corrida e, no momento de atacar, eu ataquei, mas ela teve reação e veio atrás. Eu estava procurando a câmera para vir junto, quando eu vi a câmera, eu vi um vulto, quando eu vi o vulto eu fui embora, e quando eu cheguei eu botei o peito assim (para a frente)”, declarou Fernanda Yara, destacando a vitória emocionante, com apenas 0s04 de vantagem para a segunda colocada.

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A potiguar Maria Clara Augusto completou o pódio dos 400m T47. Foto: Marcello Zambrana /CPB

“É uma experiência única, a minha primeira (medalha), meu primeiro pódio. Então eu nunca tinha vivido isso aqui. Já tinha passado pelo mundial no Japão, mas nunca foi uma estrutura desse tamanho. Então fica ainda mais mágico a corrida, a prova, com esse tanto de gente assistindo e apoiando”, disse Maria Clara.

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Thalita Simplício faturou a prata nos 400m T11 (deficiência visual), sua quinta medalha paralímpica. Foto: Alexandre Schneider/CPB

QUINTA MEDALHA – A potiguar Thalita Simplício conquistou a medalha de prata nos 400m T11 (deficiência visual). Ela chegou na segunda colocação, com o tempo de 57s21, sua melhor marca na temporada. O resultado marcou a quinta medalha paralímpica de Thalita na carreira. Ela repetiu o resultado que havia conquistado em Tóquio 2020, quando foi prata na mesma prova.

O atletismo ainda assegurou três bronzes para o Brasil neste sábado, com o paraibano Joeferson Marinho nos 100m T12 (deficiência visual), a potiguar Maria Clara Augusto, nos 400m T47 (deficiência nos membros superiores), e o paraibano Cícero Valdiran Nobre no lançamento de dardo F57, destinado a atletas que competem sentados (sequelas de poliomielite, lesões medulares, amputações).

Já a baiana Edneusa Santos completou a final dos 1500m da classe T13 (deficiência visual) na 11ª colocação, com 5min16s28. Foi o melhor tempo dela na temporada. Ela ainda participa da maratona, sua prova principal, nos Jogos de Paris.

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Bruna Alexandre e Danielle Rauen adicionaram o terceiro bronze paralímpico ao currículo. Foto: Wander Roberto/CPB

BRONZES NO TÊNIS DE MESA – Bruna Alexandre e Danielle Rauen lutaram, criaram chances, tiveram oportunidades, mas em cada parcial da semifinal contra as australianas Qian Yang e Lina Lei faltou um detalhe, passar uma bola a mais, uma precisão no golpe.

Com isso, as medalhistas de bronze por equipes nos Jogos Rio 2016 e Tóquio 2021 adicionaram mais um bronze ao currículo. Superadas por 3 sets a 0 (11/8, 11/9 e 12/10), em 24 minutos de partida, elas ficaram com a terceira colocação nas duplas WD20, porque nos Jogos Paralímpicos não há disputa pelo bronze no tênis de mesa. As duas ainda voltam à mesa em Paris para as disputas individuais. Bruna na classe 10. Danielle na classe 9. No tênis de mesa, as classes para “andantes” vão de 6 a 10. Quanto menor o número, maior a restrição de mobilidade do atleta.

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Cláudio Massad e Luiz Felipe Manara encerraram campanha histórica na semifinal e asseguraram o bronze. Foto: Wander Roberto/CPB

Nas duplas masculinas da classe MD18, os paulistas Cláudio Massad e Luiz Felipe Manara encerraram uma campanha histórica também na semifinal e asseguraram o bronze. Eles foram derrotados por 3 sets a 1 pelos chineses Chaodong Liu e Yiqing Zhao (China). As parciais foram 11/5/, 11/4, 9/11 e 11/8. No caminho até o pódio, os brasileiros superaram a dupla espanhola número um do mundo e passaram por uma parceria de franceses.

“Eu acho que é um momento único. Eu venho de três títulos para-panamericanos, é minha terceira Paralimpíada e nas duas anteriores eu não tinha ganhado sequer um jogo. E eu chego nessa Paralimpíada e foi diferente. Fiz uma grande campanha com a Dani e batemos na trave nas quartas de final (derrota por 3 x 2 depois de estarem vencendo por 2 x 0 a dupla polonesa). Hoje chegamos muito forte, então acho que é uma alegria indescritível”, ponderou Manara.

“É muito gostoso desfrutar de tudo isso, você estar num ginásio desse, lotado. O palco maior do esporte mundial, uma Paralimpíada, todo mundo torcendo, vibrando. Então foi o que a gente tentou fazer e só tem que agradecer ao público francês aí, maravilhoso pela torcida e por todo o carinho”, completou Massad. Os dois ainda disputam a chave de simples. Massad na classe 10. Manara na classe 8.