7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Brasil mata 60 mil jovens ‘pretos e pardos’, segundo Atlas da violência

Alagoas tem a segunda maior taxa de violência do País

Pela primeira vez na história, o número de homicídios no Brasil superou a casa dos 60 mil. De acordo com o Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o número de 62,517 assassinatos cometidos no país em 2016 coloca o Brasil em um patamar 30 vezes maior do que o da Europa.

Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia.

O Estado de Sergipe ocupa o primeiro lugar com uma taxa de 64,7 mortes por 100 mil, seguido e Alagoas com 54,2 mortes.

Os homicídios, segundo dito pelo Ipea no relatório do ano passado, equivalem à queda de um Boieng 737 lotado diariamente. Representam quase 10% do total das mortes no país, eles atingem principalmente os homens jovens: 56,5% dos óbitos dos brasileiros entre 15 e 19 anos foram causados por morte violenta.

O número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, onde 71,5% das pessoas assassinadas são pretas ou pardas.

O impacto das armas de fogo também chega a níveis elevados no país, que tem medições sobre mortes causadas por disparos desde 1980. Se, naquela época, a proporção dos homicídios causados por elas girava na casa dos 40%, desde 2003 o número se mantém em 71,6%.

REALIDADES DISTINTAS

Apesar dos números alarmantes em nível nacional, a disparidade entre as Unidades da Federação chama mais atenção ainda. Basta comparar a redução da taxa de homicídios na última década em estados como São Paulo (-46,7%), Espírito Santo (-37,2%) e Rio de Janeiro (-23,4%) com o crescimento de outros como Rio Grande do Norte (256,9%), Acre (93,2%), Rio Grande do Sul (58,8%) e Maranhão (121,0%).

As diferenças se dão também em níveis regionais. Em 2016, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes chegou a quase 45 nos estados do Nordeste e Norte. No Sudeste, por outro lado, o valor ficava na casa dos 20, um pouco abaixo dos 25 alcançados pelos estados do Sul.

As reduções, porém, não significam que a situação em todos os estados seja de declínio constante. Basta analisar o caso do Rio de Janeiro, que entre 2015 e 2016 viu crescer em 18,8% a taxa dos homicídios. Ou do Ceará, que, apesar de ter aumentado em 86,3% nos últimos 10 anos, conseguiu uma diminuição percentual 13,1% na taxa de homicidos durante o último ano analisado.

MAIS MORTES POR TIROS

De 1980 até 2016, quase um milhão de brasileiros perdeu a vida por conta de armas de fogo. As 910 mil pessoas mortas por perfuração causada por disparos são, segundo o Atlas da Violência, vítimas de uma questão “central” do país.

Com um total de 71,1% de homicídios cometidos com uso de armas de fogo (taxa que cresceu por décadas até 2003, ano da criação do estatuto do desarmamento), o Brasil deixou de ocupar um patamar próximo ao dos vizinhos Chile (37,3%) e Uruguai (46,5%) e hoje se aproxima à El Salvador (76,9%) e Honduras (83,4%). Na Europa, a média é 19,3%.

A relação entre o número de armas de fogo e as mortes violentas, segundo o relatório, é clara. Para ele, sem a atual legislação que impõe restrições às armas, “a taxa de homicídios seria ainda maior que a observada”. Isso porque as cidades que mais tiveram aumentos nos homicídios totais também foram que sofreram com maior crescimento de óbitos causados por disparos. (Com O Globo)

 

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