18 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Brasil sofre apagão com profissionais TI caçados por multinacionais

relatório prevê que até 2025, Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais

O mercado de tecnologia da informação (TI) no Brasil enfrenta um desafio, que é a escassez crescente de profissionais qualificados.

Um relatório da Google for Startups, de 2023, prevê que o Brasil terá um déficit de 530 mil profissionais de TI até 2025. Esse déficit deve-se a um desequilíbrio entre a oferta de trabalho e a disponibilidade de talentos.

Uma das principais causas é a progressiva demanda por serviços e soluções tecnológicas. À medida que empresas de diversos segmentos buscam se digitalizar e adotar novas tecnologias aumenta exponencialmente a necessidade por profissionais capacitados em áreas como desenvolvimento de software, segurança da informação, análise de dados e infraestrutura de redes.

No Distrito Federal, onde há a necessidade de proteger dados governamentais críticos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que, até 2025, será necessário formar mais de 100 mil profissionais.

Outro ponto relevante é a falta de profissionais seniores. O mercado muitas vezes não consegue reter talentos experientes, o que prejudica a transferência de conhecimento e a formação de novos especialistas, conforme explicou Ciro Jacob, fundador e CEO do Meu RH 360.

“Com o aumento da demanda de profissionais da área e com a desvalorização do real, os que trabalham com tecnologia e são mais preparados, com o inglês fluente, acabaram sendo assediados por multinacionais, por empresas que estão em outro país e que acabam pagando por esse recurso muito barato. É barato para os americanos contratarem no Brasil ou na Índia”, explica Jacob, que afirma que isso acaba ajudando a esvaziar o mercado nacional.

A pandemia teve um papel importante na necessidade de acelerar a automação de processos, o que aumentou bastante a demanda por pessoas especializadas em desenvolvimento de software, criação de infraestrutura, segurança e tudo o que envolve a questão de desenvolvimento e automação.

Ainda segundo Jacob, com a alta demanda e a escassez de profissionais, foi observada uma tendência de “juniorização” entre aqueles disponíveis.

“Alguns se autodenominam seniores, mas, na realidade, estão no nível de júnior ou pleno. Se não tomarmos medidas, esse déficit continuará crescendo. Veremos cada vez mais profissionais júnior, sem experiência, no mercado nacional, enquanto nossos talentos mais qualificados buscarão oportunidades em empresas estrangeiras”, ressalta.

Fonte: Correio Braziliense