19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Brasileiros são os mais pessimistas em pesquisa com 24 países

Brasileiros também estão entre os que mais consideram que as regras da economia no país são injustas e favorecem quem já é rico e poderoso

Segundo pesquisa inédita do instituto Ipsos, os brasileiros são os mais pessimistas com o futuro do próprio país. Segundo 67% dos pesquisados, o país está “em declínio” e tende a se tornar um lugar pior no futuro.

Com isso, ficamos na frente de outros 23 países também consultados pela pesquisa de opinião Beyond Populism? Revisited (“Além do populismo? Revisto”).

Logo atrás estão os sul-africanos (64% acham que o país está em declínio) e pelos argentinos (58%). Os brasileiros também são muito mais pessimistas que a média global (44%). Os mais otimistas são os chilenos (apenas 24% acreditam em declínio), seguidos pelos alemães (25%), e canadenses (30%).

Os brasileiros também estão entre os que mais consideram que as regras da economia no país são injustas e favorecem quem já é rico e poderoso: 71% pensam desta forma hoje. Apenas russos (75%) e húngaros (74%) têm uma percepção pior sobre as regras econômicas de seus países.

Eleições

A pesquisa enxerga que a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) representa a chegada ao poder do candidato que melhor soube trabalhar o descontentamento dos brasileiros.

Segundo a Ipsos, 64% dos brasileiros concordam com a afirmação “Políticos tradicionais e seus partidos não se importam com pessoas como eu”, contra 59% da média global. E 81% dos brasileiros não confiam em partidos políticos, contra média global de 79%.

Além disso, 67% dos entrevistados brasileiros disseram “não confiar” ou “confiar pouco” no sistema de Justiça do país, incluindo os tribunais. Os brasileiros também são mais descrentes na mídia (67% não confiam) e 81% disse “não confiar” ou “confiar pouco” no governo.

Os brasileiros sempre estiveram entre os mais desconfiados em relação às instituições e uma reversão deste quadro pode levar anos ou décadas. Mas isto já impactou o Brasil em 2016, nas eleições municipais, e atingiu seu ápice durante as eleições deste ano.

Melhora mundial

A pesquisa desta segunda-feira repete levantamento de 2016, para avaliar até que ponto os entrevistados confiam nas regras políticas e econômicas de seus países e o quão dispostos estão a endossar soluções populistas ou autoritárias para os problemas.

Os dados sugerem que a onda “antissistema” no mundo pode estar diminuindo. Um indicativo seria a melhora dos resultados trazidos pela pergunta sobre a percepção de “declínio” dos países: na média global, 57% dos entrevistados em 2016 achavam que seus países iam piorar no futuro, ante 44% agora.

O mesmo movimento foi observado no Brasil: em 2016, eram 72% os que achavam que o país estava em declínio, contra 67% agora. Dois anos atrás, a situação econômica do país era ainda pior, com a recessão que acabou em meados de 2017, eleições municipais e muitas fases da Lava Jato.

A pesquisa Ipsos deste ano ouviu 17.203 pessoas com idades entre 16 e 64 anos em 24 países, entre os dias 26 de junho e 9 de julho. A maioria dos entrevistados é de países ricos – Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, França – e emergentes – Brasil, Índia, Rússia, México e Turquia, entre outros.