6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Caçando tatu ou botija? Obras inacabáveis tornam inviável o trânsito na Jatiúca

Por falta de planejamento (e respeito), ruas estão constantemente interditadas, causando transtornos e prejuízos

Amélia Rosa interditada (Foto Fátima Almeida)
Rua Eduardo dos Santos – interditada

Avenida Antônio Gomes de Barros, fluxo intenso de carros de passeio e transportes coletivos, principal acesso a bares, shoppings, restaurantes, lojas, praias… Misto de prédios residenciais e comerciais, a conhecida Amélia Rosa está longe de ser um cantinho de paz no coração da Jatiúca. E não é só o movimento do trânsito e o burburinho dos bares que lhe tira o sossego.

Rua Eduardo dos Santos, importante via de ligação entre a Amélia Rosa e os bairros de Ponta Verde e Pajuçara, passando pelo Conjunto Arnon de Mello e praça do Santo Eduardo. Outro desassossego.

O que as duas ruas têm em comum, além do tráfego intenso e da importância na mobilidade urbana? As constantes, intermináveis e repetidas obras que abrem o asfalto, escavam tudo, interditam as vias e têm causado enormes transtornos à população local e transeuntes que por ali passam diariamente.

E adivinha como elas estão agora? Em obras, e com trechos interditados.

Lógico que as obras são necessárias e as interdições seriam compreensíveis se não fossem tão repetitivas. A cena (e os transtornos e prejuízos das vias fechadas) se repetem duas, três, cinco vezes ao ano, para desespero dos moradores, motoristas e, muito mais, dos comerciantes locais.

Ora é a Casal, ora é a Secretaria de Estado de Infraestrutura, ora é a Prefeitura. Entra governo, sai governo e as obras parecem não ter fim – ou consistência – porque são feitas hoje e precisam ser refeitas logo ali adiante, basicamente no mesmo trecho, no mesmo caminho, sem muita explicação (às vezes nenhuma) à população. E não tem jeito de haver uma combinação entre esses órgãos para abrirem o buraco ao mesmo tempo, realizar, cada um, o seu trabalho, e fechar, reduzindo custos, transtornos e prejuízos à população.

Por que tanta intervenção? Sequência de obras mal feitas; incompletas; inacabadas? Falta de planejamento – ou incompetência, mesmo? De que é feita a tubulação enterrada embaixo do asfalto na Amélia Rosa, que exige tanto remendo? É a mesma que há poucos dias tragou a vida de dois trabalhadores que davam manutenção na rede de esgoto da rua Eduardo dos Santos?

Basta uma pesquisa no Google, para constatar o quanto é antiga e reincidente essa operação remendo no subsolo da Jatiúca. Numa rápida passagem, verificamos que há 10 anos, em 2008 o buraco foi aberto para recuperação da Bacia da Pajuçara, obra estimada em 35 milhões, que rasgou o bairro – da Av. Amélia Rosa até a Praça Lions (passando pela Eduardo Santos, é claro, e ruas adjacentes). De lá para cá (e muito antes disso), são incontáveis, seja em anos, meses, ou semanas, as vezes em que o asfalto foi aberto e as ruas interditadas, nesses mesmos trechos, com os mesmos argumentos: obras de recuperação e ou expansão da Bacia da Pajuçara.

O que é que corre naquele subsolo, além das redes de saneamento? Será que estão caçando tatu ou botija?  Isso mesmo. Na falta de explicações consistentes (assim como parece a inconsistência das obras), aparecem as mais diversas especulações.

O que tanto fazem esses operários do buraco nas vias abertas entre a Jatiúca e a Pajuçara? Será, essa incursão no subsolo, um safári de caça tatu? Ou procuram alguma botija perdida na região? Entre transtornos e reclamações – que são muitas – sempre aparecem os mais bem humorados que transformam o assunto em piada.

E já tem quem chame a obra de ‘Lava-jato’ – aquela operação que não acaba nunca…