O Conselho de Ética da Câmara abriu hoje (30) processos disciplinares contra sete deputados federais por quebra do decoro parlamentar, esvaziando a lista de representações que estava engavetada desde o início do ano.
Os alvos dos processos são os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Márcio Jerry (PC do B-MA), Carla Zambelli (PL-SP), José Medeiros (PL-MT), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Juliana Cardoso (PT-SP) e Talíria Petrone (PSOL-RJ).
A abertura dos processos ocorre em meio ao esforço do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de conter manifestações exaltadas e agressões na Casa, após um início de legislatura conturbado.
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Os casos mais emblemáticos envolveram os deputados Nikolas Ferreira e Márcio Jerry.
O deputado mineiro é alvo de representação dos partidos PSOL, PT, PDT, PC do B e PSB por ter usado a tribuna da Câmara para vestir uma peruca e fazer declarações transfóbicas no Dia Internacional da Mulher. Na representação, os partidos de esquerda pedem que Nikolas seja punido com a perda de mandato.
Já o deputado Jerry é acusado de assédio por ter abordado por trás a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) e ter dito palavras ao pé do ouvido durante bate-boca na audiência com o ministro da Justiça, Flávio Dino, na Comissão de Segurança Pública da Câmara.
A deputada Juliana Cardoso foi alvo de uma representação do PP, partido de Arthur Lira, por ter afirmado que os parlamentares que votaram favoráveis à urgência do projeto de lei do marco temporal na demarcação das terras indígenas eram “assassinos”.
Eduardo Bolsonaro responderá por ter insultado o deputado Marcon (PT-RS), que questionou a facada sofrida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A correligionária Carla Zambelli se defenderá pelos xingamentos proferidos contra o deputado Duarte Jr (PSB-MA).
A deputada Talíria Petrone foi alvo de representação por ter ofendido o deputado Ricardo Salles (PL-SP) durante sessão da CPI do MST; José Medeiros responde por intimidar a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Zambelli
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) admitiu na noite desta segunda-feira, dia 29, estar preocupada com a possibilidade de ter seu mandato cassado.
A parlamentar comentou a informação da Coluna do Estadão de domingo, dia 28, de que, nos bastidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a perda do seu mandato e a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) são os próximos passos da Corte.
“Eu vi uma reportagem do Estadão dizendo que o TSE tem como certa não só a inelegibilidade do Bolsonaro, como a minha cassação”, disse a deputada em um vídeo publicado nas suas redes sociais. Ela afirmou que a fotografia que ilustra a matéria é “icônica”, porque a coloca ao lado de Bolsonaro.
“Posso até discordar dele em uma ou outra coisa, mas vou sempre estar ao lado dele, apoiando Bolsonaro. Sempre vou ser a fiel escudeira dele”.
TSE dá como certa minha cassacão.
Segue minha declaração sobre o assunto. pic.twitter.com/vYGeTeSTdh
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) May 30, 2023
Desde a derrota do ex-presidente no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, os dois se afastaram. Parte dos aliados de Bolsonaro atribui a Zambelli a responsabilidade pelo resultado nas urnas, pelo fato de, na véspera do segundo turno, ela ter perseguido o jornalista Luan Araújo empunhando uma arma de fogo. O episódio aconteceu no dia 29 de outubro, nos Jardins, zona sul de São Paulo. O segurança da deputada chegou a efetuar disparos, mas ninguém foi atingido.