19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Câmara aprova desoneração da folha com renúncia fiscal de R$ 25 bilhões

Votação aconteceu no último minuto da quarta-feira e Arthur Lira, presidente da Câmara, não apareceu em plenário

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (11/9), de última hora, o texto-base do projeto que trata das medidas de compensação para a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos.

Foram 253 votos a favor, 67 contrários e 4 abstenções. O texto foi encaminhado no fim do prazo estipulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que Executivo e Legislativo encontrem uma solução consensual para cobrir a renúncia fiscal, estimada em R$ 25 bilhões em 2024.

A deputada federal Any Ortiz (Cidadania-RS) declinou da relatoria do projeto faltando uma hora para o fim do prazo, destinando-o ao líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). Ela alegou falta de diálogo com o governo. “Foi um acordo feito com a faca no pescoço. Foi a mesma coisa que negociar em um sequestro, em que com a faca no pescoço você dá tudo que quer o sequestrador”, afirmou.

Em plenário, Guimarães afirmou que estava alertando ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), há dias sobre a urgência da matéria, cuja relatoria permaneceu incerta até a tarde de terça. Lira, por sua vez, sequer apareceu para a apreciação da matéria.

Uma das medidas de compensação previstas no projeto, o uso do dinheiro esquecido em instituições financeiras públicas e privadas, se tornou o principal entrave para o projeto na Câmara. Técnicos do Banco Central (BC) enviaram um alerta aos parlamentares afirmando que a captação pelo governo de recursos esquecidos não pode ser classificada como receita primária, por não decorrer de uma transação econômica ordinária entre o setor público e o setor privado.

A solução encontrada foi a inserção de uma emenda redacional, para corrigir a preocupação jurídica apontada pela autoridade monetária. A medida  visa aperfeiçoar o texto sem acrescer qualquer matéria de mérito, para que o texto não precisasse voltar ao Senado. “A ideia é que as contas esquecidas e os depósitos reais entrem para efeito contábil, não entrem para o primário do governo. Essa foi a orientação que nós fizemos”, explicou José Guimarães.

Retomada gradual

O texto aprovado prevê a desoneração integral em 2024, com uma retomada gradual da tributação a partir de 2025, com alíquota de 5% sobre a folha de pagamento. Em 2026 serão cobrados 10% e, em 2027, 20%, quando ocorreria o fim da desoneração.

Com Correio Braziliense