A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já traça estratégias para conter a recuperação bolsonarista no Rio de Janeiro e em São Paulo, além dos impactos do auxílio concedido pelo governo federal.
Por hora, Lula reforçará o discurso adotado até então com foco em temas relacionados à economia, como a fome e a pobreza, insistindo na candidatura de Lula como fruto de um movimento amplo. A coligação reúne nove partidos: PT, PSB, PSOL, Rede, PC do B, PV, Solidariedade, Avante e Agir.
A orientação na campanha, que começa amanhã (e dia 26 com horário gratuito no Rádio e TV) é manter a luz sobre a pauta relativa à “vida do povo”, como pobreza, miséria, fome e desemprego, comparando o atual governo com as gestões de Lula, sem cair na agenda de costumes do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
Lula deverá concentrar sua campanha no Sudeste, região que reúne cerca de 42% do eleitorado e que há uma ofensiva do bolsonarismo em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde o ex-presidente deverá intensificar a agenda.
Os primeiros comícios de Lula serão no Sudeste. Estão previstos atos em Belo Horizonte (Minas Gerais), na próxima quinta (18), no vale do Anhangabaú, em São Paulo, no dia 20, e no Rio de Janeiro (ainda sem data definida).
Para mitigar resistência do eleitorado paulista, a campanha conta com o vice de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), que governou o estado por 16 anos. O ex-tucano deverá investir em segmentos como o agronegócio, o empresariado e setores religiosos mais conservadores.
Evangélicos
A campanha também fará um esforço para atrair o voto evangélico, em que Bolsonaro avançou. A última pesquisa Datafolha, divulgada em julho, mostra que o presidente conseguiu uma dianteira de dez pontos em relação a Lula, nesse segmento: 43% a 33%.
O pastor Paulo Marcelo Schallenberger, convocado pelo PT para dialogar com o setor evangélico, afirma que se reuniu com Alckmin nesta semana, a pedido da campanha, e sugeriu um contra-ataque.
Primeiro, que Lula organize uma conversa nas redes sociais para “desmontar as teses” propagadas contra ele e para que o petista mostre como foi o tratamento dele ao setor evangélico durante os seus governos.
“Há uma narrativa que está sendo espalhada dentro das igrejas de demonizar a figura do ex-presidente Lula. Considero isso o novo kit gay. É preciso que a campanha faça um contra-ataque e um aceno mais direto aos evangélicos”, diz o pastor.
“A história do Lula é mais forte que qualquer fake news. Foi o Lula quem, em 2003, regulamentou a lei da liberdade da organização de igrejas. Mais do que qualquer mentira, é uma demonstração clara que o respeito que o Lula tem pela liberdade religiosa e em especial pela comunidade evangélica”, afirma o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, um dos coordenadores de comunicação da campanha.