19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Mundo

Candidato à presidência do Equador é assassinado em Quito

País está em Estado de Emergência após Fernando Villavicencio ser baleado durante ato de campanha

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, confirmou em publicação no Twitter que o candidato presidencial Fernando Villavicencio foi assassinado. Na postagem, Lasso prometeu que o crime não ficará impune.

“Indignado e consternado pelo assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e condolências à sua esposa e suas filhas. Por sua memória e sua luta, asseguro-lhes que este crime não ficará impune”.

Ele também afirmou que mobilizará as autoridades do Conselho Nacional Eleitoral e da Corte Nacional de Justiça, entre outras, para tratar do assunto. “O crime organizado já foi muito longe, mas sobre ele cairá todo o peso da lei”, acrescentou Lasso.

Pouco antes da manifestação de Lasso, a rede de televisão local Ecuavisa e uma associação de imprensa local informavam do assassinato do candidato em um comício de campanha, no norte de Quito, nesta quarta-feira (9).

O primeiro turno das eleições presidenciais do Equador está marcado para 20 de agosto. Villavicencio não estava entre preferidos para ir ao segundo turno nas pesquisas de intenção de voto, lideradas por Luísa Gonzales, do partido Revolução Cidadã.

Além de Villavicencio, são candidatos às eleições presidenciais o ambientalista Yaku Pérez, a antiga deputada Luisa González, o especialista em segurança Jan Topic, o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político Daniel Hervas, o empresário Daniel Noboa e o independente Bolívar Armijos.

A luta contra a criminalidade é uma das principais promessas dos candidatos que pretendem suceder o conservador Guillermo Lasso como presidente.Em mensagem à nação, após reunião do Gabinete de Segurança do Estado, Guillermo Lasso afirmou que vai manter a data das eleições gerais extraordinárias, agendadas para 20 de agosto, mas que serão destacados militares para garantir a segurança dos eleitores.

Atentado

O crime ocorreu a 11 dias das eleições presidenciais. Villavicencio tinha sido condenado a 18 meses de prisão por difamação e críticas feitas contra o ex-chefe de Estado.

Ele fugiu para um território indígena no Equador, tendo mais tarde recebido asilo no Peru, antes de regressar ao seu país depois de Correa ter deixado o cargo.

Atualmente deslocava-se com proteção policial diante das ameaças de que tinha sido alvo. Segundo informações não oficiais, há relatos de 30 tiros, tendo o candidato presidencial sido baleado na cabeça. Há ainda o registo de mais nove feridos. De acordo com as autoridades, o suspeito do ataque também morreu.

Entre os nove feridos estão uma candidata a deputada e dois agentes policiais, informou o Ministério Público que, juntamente com a polícia, colhe provas no local do crime e no centro médico para onde as vítimas foram transportadas.

Ameaças

O partido de Villavicencio, Movimiento Construye, havia informado, na quarta-feira, que tinham sido realizadas recentemente discussões sobre a suspensão da campanha devido à violência política, incluindo o assassinato em julho do presidente da Câmara de Manta.Villavicencio foi contra essa suspensão, alegando que se tratava de ato de covardia.

Na terça-feira, o candidato tinha apresentado relatório à Procuradoria-Geral da República sobre um negócio petrolífero, mas não foram divulgados detalhes desse documento. Villavicencio tinha 7,5% por cento de apoio nas pesquisas, o que o colocava em quinto lugar entre oito candidatos.

Dias antes de ser assassinado, ele disse na televisão pública que havia recebido várias ameaças de morte, procedentes provavelmente do líder do gang Choneros, também conhecido por Fito, que o mandava parar de mencionar o seu nome.

A segunda maior facção criminosa do Equador, conhecida como “Los Lobos”, publicou um comunicado reivindicando a autoria do assassinato de Fernando Villavicencio. O grupo ameaça matar mais políticos.