19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
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Carlos Moura se vai e deixa ‘Minha Sereia’ como um canto de paz

Mas, o artista se foi sem ter seu talento devidamente reconhecido pelos alagoanos…

Carlos Moura: morte do artista desafina meio artístico alagoano

Em meados dos anos 70 conheci o Carlos Moura, que morava na avenida da Paz, próximo a ponte do Salgadinho.

Recém chegado de Paulo Jacinto (PJ), fui morar próximo, na Costa Leite, a segunda rua atrás da antiga Reitoria da Ufal.

Na época Carlos Moura e o Grupo Terra eram atrações musicais para juventude que gostava da boa música. Eram tempos dos festivais universitários que revelaram bons talentos no cenário musical alagoano, como Júnior Almeida e Maclein.

Minha admiração e alegria cada vez que via Carlos Moura no palco estavam ligadas também a um velho amigo de infância, lá de PJ, que se tornou baixista da banda dele. O velho e bom “Jatiúca” – batizado José Cícero, lá na terrinha – e aqui se formou em arquitetura na Ufal.

Carlos Moura agregava também um ícone da guitarra nesta terra, outro paulojacintense, chamado José Barros, irmão de Leureny.

Isso por si só já me entusiasmava ao ver os shows, fossem no teatro ou em praça pública. Foram tempos idos e bem curtidos.

O artista fez seu nome e correu o País defendendo sua música autoral. Morou no Rio de Janeiro e depois em Salvador, onde fez parcerias com vários músicos do axé music.

Mas, o que nos deixa triste hoje é saber que Carlos Moura partiu aos 73 anos, sem ter seu talento devidamente reconhecido na terra alagoana. Aliás, uma terra que, praticamente, não acolhe os artistas locais.

Uma terra onde autoridades e gestores gastam fortunas com os nomes que vêm de fora e esquecem de valorizar os ícones da cultura alagoana.

Isso não é de agora. Sempre foi assim, lamentavelmente

O certo é que o dia hoje foi intenso, sombrio. O céu se fechou e as nuvens choraram. Quem sabe um lamento silencioso em nome do artista.

Ou, quem sabe, um choro mergulhado em profunda tristeza, por que não se ouviu rádio nenhuma desse lugar tocando suas músicas em justa homenagem.

Enfim, ele se foi. Que fique eterna “Minha Sereia” como um canto de paz, a serenar o mar de Pajuçara.