O primeiro beneficiado com o programa foi o professor de Educação Física, Jorge Andrade, à época com de 57 anos e sofrendo de ascite refratária, doença que lhe dava poucos anos de sobrevida. “Sofri muito. Fui para a fila de transplantes de Recife, em 2018, mas não obtive resultado por lá. Fui para a lista da Paraíba, em 2020, e, em janeiro de 2021, cheguei à Santa Casa de Maceió. Em maio, uma família disse sim, e eu recebi esse órgão. Hoje minha saúde está 100%, minha qualidade de vida está melhor que antes. Tenho 59 anos, mas com a energia de um rapaz de 25. Jogo bola, nado, dou aula de Educação física”, contou.

Jorge Andrade, primeiro transplantado de fígado da Santa Casa de Maceió, sofria de ascite refratária

Mas o número de relatos como os de Jorge poderiam ser maiores, se houvesse uma crescente nas doações. “Em nossa legislação, só quem é responsável pela autorização da doação de órgãos são os familiares. Antes, valia o que estava na carteira de identidade. Por isso é tão importante que esse desejo seja compartilhado com os familiares. É um assunto que tem que ser debatido e exposto a toda a família, pois é dela a decisão final”, esclarece Clarissa Tenório, enfermeira da Comissão Inter Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) da Santa Casa de Maceió, reforçando que o processo começa com a decisão de ser doador.

Além de declarar ser doador e a família dar o aval, o paciente que doará o órgão necessita de um diagnóstico definido, que é o de morte encefálica, mais conhecida como morte cerebral. É realizado um protocolo clínico do potencial doador, onde dois médicos avaliam exames de imagem e laboratoriais, seguindo critérios rígidos para que o processo seja realizado de maneira ágil e segura.

“Precisamos melhorar os números de doadores. Da pandemia para cá, eles caíram drasticamente. Todo o processo de captação é gerenciado pela Central de Transplantes, que, junto à Organização de Procura de Órgãos do estados, faz a busca ativa. Se aparecer um doador e a família disser sim, a Central nos comunica, são realizados os exames necessários para saber se há viabilidade para o procedimento, e, caso seja aceito, o transplante é realizado. Em Alagoas só fazemos o procedimento, que dura, em média 6 horas, de doador cadáver. É importante que as pessoas se sensibilizem e enxerguem o transplante como ele é, ou seja, o veja como uma nova chance para quem precisa do órgão”, finaliza Oscar Ferro.