21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

CPI quer ouvir e quebrar sigilo de almirante que concordou com Bolsonaro para golpe

Decisão foi tomada após Cid dizer, em depoimento à PF, que o militar foi consultado por Jair Bolsonaro para participar de um golpe

Relatora da CPI do 8/1, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) vai pedir a quebra do sigilo telemático do almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha citado em delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Ela também quer que ele preste depoimento na comissão.

A decisão foi tomada após Cid dizer, em depoimento à PF, que o militar foi consultado por Jair Bolsonaro se aceitaria participar de um golpe e sinalizou que sim.

Segundo relado do ex-ajudante de Bolsonaro, o ex-presidente consultou militares sobre um plano de golpe, logo após a derrota no segundo turno da eleição.

Uma minuta golpista foi recebida em mãos pelo presidente diretamente por seu assessor Filipe Martins. Na minuta, não só um decreto para convocar novas eleições, como também a prisão de adversários.

Um dos seguidores do ideólogo Olavo de Carvalho (1947-2022), Filipe Martins ocupou a função de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais durante a gestão de Jair Bolsonaro.

Bolsonaro teria submetido o teor do documento em conversa com militares de alta patente. Ainda segundo Cid, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores. Não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.

Cid contou aos investigadores que testemunhou tanto a reunião em que Martins teria entregue o documento a Bolsonaro quanto a do então presidente com militares.

O ex-presidente Bolsonaro ao lado de seu vice na chapa das eleições, General Braga Netto, e do comandante da Marinha, Almir Garnier

Delação

A Polícia Federal tomou interesse por essa delação premiada sobre as tratativas golpistas por causa dos detalhes inéditos. A delação foi conduzido pelo advogado Cezar Bitencourt e homologado no último dia 9 pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Cid estava preso desde maio após uma operação da PF que tinha como objeto a falsificação de cartões de vacinação, deixou a prisão após a homologação do acordo.

Além de contar aos investigadores sobre os planos golpistas, o tenente-coronel apresentou informações sobre outros temas, como o esquema de venda de joias, as fraudes em certificados de vacina e as suspeitas de desvios de recursos públicos do Palácio do Planalto.

Os acusados ainda não se pronunciaram.