As mensagens vazadas de conversas entre procuradores da Lava Jato (e o ex-juiz Sergio Moro) chegou no momento da produção do infame PowerPoint que colocava Lula como o centro de todas as atenções das investigações e “o comandante máximo” de esquemas de corrupção;
Na arte central, que tinha apenas o nome do ex-presidente, a ideia original seria mesmo colocar uma foto, mas Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa na ocasião, sugeriu que apenas “Lula” seria suficiente. E sem ressalvas a outros detalhes (como a necessidade de tópicos como ‘Reações de Lula’ ou ‘Expressividade’), Deltan estava convencido da qualidade da peça:
“Tá ficando shou”. Deltan Dallagnol, ex-coordenador da Lava Jato.
Um interlocutor, identificado como “Douglas Prpr” disse que durante a criação do gráfico a foto fora incluída como uma brincadeira ‘só para tirar onda. Já falei que não podemos deixar.’ Na sequência, Deltan escreveu “kkk”.
Vaza Jato
O diálogo de procuradores em grupo no aplicativo de mensagens Telegram aconteceu em 13 de setembro de 2016. A denúncia contra Lula, a respeito de um esquema de corrupção que envolveria o tríplex no Guarujá, foi apresentada à imprensa no dia seguinte, 14 de setembro de 2016.
Leia Mais: Renan Calheiros: Agora conhecemos os calabouços imundos da “Larvajato”
Estas mensagens, de um arquivo apreendido com hackers pela Polícia Federal em 2019 ao qual os advogados de Lula foram autorizados a acessar, constam em nova petição protocolada ontem pela defesa do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal).
“O esquema gráfico produzido para essa denúncia específica tinha por objetivo tornar compreensível aquilo que a doutrina chama de ‘convergência de indícios’, explicando aspectos do esquema criminoso essenciais para a compreensão acerca do papel do ex-presidente nos crimes – e esses aspectos estavam todos descritos na denúncia apresentada, sendo reproduzidos a partir dela”. Nota de procuradores que integraram a Lava Jato.
A força-tarefa, que não reconhece a veracidade dos diálogos e enfatiza que são produto de ação criminosa, pontuou que Lula foi condenado como resultado da denúncia. A defesa do ex-presidente sempre negou os crimes.
No ano passado, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) arquivou uma reclamação de Lula contra Deltan pelo uso do Powerpoint.
Lula foi condenado pela Justiça Federal do Paraná, pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) na ação do tríplex. A defesa espera derrubar a condenação com base no julgamento do STF sobre a suspeição do ex-juiz federal Sergio Moro, que julgou Lula na primeira instância.