19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Deputado não foi ao enterro do próprio pai para presidir votação contra casamento homoafetivo

Fernando Rodolfo (PL-PE) recebeu indireta de Marx Beltrão, sobre ele ser um “gatinho entre quatro paredes”

A fiscalização da vida íntima aliada à intolerância disfarçada de argumento religioso extrapolou  um novo limite nesta semana: o deputado federal Fernando Rodolfo (PL-PE) simplesmente faltou ao enterro do próprio pai para presidir votação do projeto de lei contra o casamento homoafetivo.

À frente da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, o deputado não foi se despedir do pai, Carlos Fernando dos Santos, de 67 anos, falecido na segunda-feira (18) após uma batalha contra um câncer.

Na mesma sessão em que ele fez questão de presidir para ganhar pontos com conservadores, Rodolfo teve que ouvir uma indireta de Marx Beltrão, que ao tomar a palavra, afirmou que “muitos deputados que rosnam como leões entre 4 paredes são gatinhos”.

Leia mais: Manifestação do deputado se deu na defesa do casamento homoafetivo, que parte dos deputados de direita quer acabar

Críticas

Participantes do 20º Seminário LGBTQIA+ do Congresso Nacional criticaram a tentativa de deputados de votarem projeto de lei proibindo a união homoafetiva (PL 5167/09) em comissão da Câmara dos Deputados.

No mesmo momento da realização do evento, a Comissão de Previdência estava reunida para votar a proposta que proíbe que relações entre pessoas do mesmo sexo equiparem-se ao casamento ou a entidade familiar. Após algumas horas de discussão, houve acordo entre apoiadores e críticos para adiar a votação para a semana que vem.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) afirmou que o momento deveria ser de retomada das políticas para a comunidade LGBTQIA+ e de luta contra os retrocessos para esse segmento da população.

Desde 2011, o Supremo Tribunal Federal reconhece a união homoafetiva como núcleo familiar, equiparando as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres. Por isso, participantes do seminário defenderam que o projeto em discussão na Câmara é inconstitucional. O texto inclui a proibição de uniões homoafetivas no Código Civil.