21 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Derrota de Trump ajudou democracia brasileira a vencer imposição de ditadura

Comandante do Exército ameaçou prender Bolsonaro caso ele seguisse em frente com plano de golpe, pois não havia apoio dos americanos

Bolsonaro, ainda presidente, recebe as continências dos comandantes miltares, general Freire Gomes (Exército), brigadeiro Carlos Batista (Aeronáutica) e almirante Almir Garnier (Marinha)

Vazada nesta semana, a delação de Mauro Cid, ex-auxiliar direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi grave. Em determinado momento, o tenente-coronel que assinou acordo de delação premiada afirmou que Bolsonaro, após perder as eleições, consultou o alto comando militar sobre um golpe militar.

Bolsonaro teria submetido um documento em conversa com militares de alta patente e, pior, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores.

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Entretanto, não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas. Enquanto que o brigadeiro Carlos Batista, da Aeronáutica, ficou calado, o comandante do Exército, general Freire Gomes, teria ameaçado Bolsonaro com uma prisão.

Segundo informações ventiladas internamente, o entendimento de Freire é o de que não havia condições de aplicar um golpe. Além dos comandantes do Sul (Fernando Soares), do Sudeste (Thomaz Paiva), do Leste (André Novaes) e do Nordeste (Richard Nunes) serem contrários, os americanos (civis e militares) já haviam demonstrado que não apoiariam esse absurdo.

Foi por pouco.

Pode-se interpretar, portanto, que a vitória de Lula nas urnas, pela maioria dos eleitores, não teria sido suficiente para retirar Jair Bolsonaro da presidência. Os rumos da democracia brasileira foram tomadas dois anos antes, em 2020, quando Joe Biden venceu Donald Trump.

Trump, reacionário e mais ilustre personagem da extrema-direita mundial, era ídolo de Bolsonaro, que pateticamente celebrava o 4 de Julho (Independência dos EUA) e chegou a mandar um “eu te amo” para o ex Chefe do Executivo Americano.

Pior para Bolsonaro, melhor para o Brasil, pois com a vitória de Biden, o governo americano foi claro ao afirmar que reconheceria apenas o resultado das urnas. Tanto que prontamente parabenizou Lula pela vitória (e nesta semana lançaram uma coalizão em favor dos trabalhadores).

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Ao menos seis comitivas desembarcaram no Brasil ao longo de 2022 com a missão de acompanhar de perto o processo eleitoral e ser firme: se houver tentativa de golpe, haverá problemas. O fato é que não houve golpe. A ponderação é o que poderia ter acontecido ao Brasil se Trump tivesse sido reeleito.

Pior para Bolsonaro, melhor para o Brasil.