20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Deu ruim: Ministro diz se arrepender de ter feito a acusação de inserções nas rádios

Fábio Faria afirma ainda que protestou imediatamente quando bolsonaristas passaram a defender o adiamento das eleições

Após a repercussão negativa e evidente farsa fraudulenta, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirma que sua intenção ao convocar uma entrevista coletiva para denunciar que rádios estavam prejudicando Jair Bolsonaro, ao não veicular a propaganda eleitoral do PL, era apenas “fazer um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)” para que o problema fosse sanado.

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Na segunda (24), ele e Fabio Wajngarten, que integra a campanha de Bolsonaro, reuniram jornalistas em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, para falar que auditorias tinham constatado o problema.

“A falha era do partido, que percebeu o problema tardiamente, e não do tribunal. Como havia pouco tempo para o TSE fazer uma investigação mais aprofundada, eu iniciei um diálogo com o tribunal em torno do assunto”.

A coisa teria desandado quando quando bolsonaristas passaram a usar o fato para pedir o adiamento das eleições, que acusavam de “fraude”. Entre estes estavam o próprio 03, o filho deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Vale lembrar que até mesmo o presidente ia pedir adiamento das eleições, sendo persuadido antes de uma coletiva no início da semana.

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“Eu fiquei imediatamente contra tudo isso. Fui o primeiro a repudiar”, diz. “Isso prejudicaria o presidente Bolsonaro”, segue.Faria afirma ainda que, quando a situação “escalou”, protestou internamente e decidiu “sair de cena”.

“Me arrependi profundamente de ter participado daquela entrevista coletiva. Se eu soubesse que a crise iria escalar, eu não teria entrado no assunto”.

TSE

O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, não só rejeitou a ação apresentada pela campanha de Bolsonaro sobre suposto boicote de rádios por falta de provas como também determinou investigação sobre possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”, mas não incluiu Fábio Faria na ação.

Até mesmo o servidor Alexandre Gomes Machado, exonerado da função de confiança no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mudou sua versão sobre os alertas que alegou ter feito à Corte sobre problemas na fiscalização das inserções de propaganda eleitoral.

Ao Estadão, Machado declarou ter relatado, após as eleições de 2018, queixas de descumprimento de ordens para suspensão de inserções na TV.

“Eu alertei que o TSE deveria criar alguma maneira para saber se as decisões de suspensão das inserções seriam cumpridas considerando o poder de polícia da Justiça Eleitoral”, disse. Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), ele falou em falhas de fiscalização no “acompanhamento da veiculação das inserções”, e não no controle das peças suspensas.