Durou apenas 12 horas para que o leilão de linhas de transmissão de energia batesse um recorde negativo de deságio, que tinha mais de 20 anos: os 20 lotes foram arrematados com um desconto médio de 55% nesta quinta-feira (28), na sede da B3, em São Paulo.
Ao todo, foram contratados 20 lotes de linhas de transmissão em 16 estados brasileiros, que exigirão investimentos de R$ 6 bilhões nos próximos 30 anos.
A concorrência ficou suspensa por sete horas, devido a uma decisão judicial, o que atrasou o início do certame, mas que não impediu seu desastroso resultado.
Um dos mais bem-humorados era Pratik Agarwal, presidente da empresa indiana Sterlite Power Grid, que foi a grande vencedora do leilão. “Estamos esperando há seis meses. Algumas horas não fazem diferença”. A companhia levou seis dos 20 lotes ofertados e devem investir R$ 3,64 bilhões para construir e operar as novas linhas contratadas nesta quinta. Ao chegar à sexta conquista, chegaram a comemorar gritando “É Hexa”.
A Aneel destacou que em dezembro deve ocorrer o próximo leilão com a previsão de R$ 15 bilhões de investimentos e a oferta de quase 7 mil quilômetros de linhas de transmissão.
Alagoas
Uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski decidiu retirar a Ceal do leilão de privatização das distribuidoras, atendendo o pedido do governo de Alagoas, que avalia ter direito a receber R$ 4 bilhões, em valores atualizados, segundo fontes consultadas pela reportagem.
O Estado alegou ao STF que o leilão acarretaria “dano irreparável” ao governo, agravando o endividamento. Porém, O lote 8, que atende à região do sertão de Alagoas, foi vencido pelo consórcio BR Energia/ Enind Energia, com oferta de R$ 8 milhões e deságio de 35,03%, não tão desastroso se comparado a outros percentuais.
O problema é que por apenas R$ 8 milhões, ganharam o direito de interferir em mais de R$ 4 bilhões. E isso só em Alagoas.