8 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Efeito implosão: Pesquisa indica que Eduardo teria pouca chance de ser embaixador

De candidato a embaixador nos Estados Unidos, o filho 03 do presidente, passou, rapidamente a quase líder do partido e acabou em quase nada.

Foto: Agência O Globo

Se eram reais as chances de o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ter o nome aprovado para o cargo de embaixador brasileiro nos Estados Unidos, como queriam pai e filho, elas agora parecem remotas. É o que mostram os últimos acontecimentos dentro da bancada do PSL, partido que abriga a família e parte dos aliados (e ex-aliados) do presidente e o próprio Jair Bolsonaro; é  o  que indica também uma pesquisa feita pelo Congresso em Foco com 27 líderes do Senado. Apenas 25,9% deles ainda consideravam grandes as chances de aprovação do nome do filho do Presidente Jair Bolsonaro para a Embaixada.

Numa escala de um a cinco, na qual um representava nenhuma chance e cinco representa total possibilidade de aprovação, somente uma das lideranças ouvidas atribuiu nota máxima (5); outras seis deram nota 4 e, em contrapartida, 11 senadores deram as duas notas mais baixas (1 e 2), sinalizando claras dificuldades para ser acolhida a indicação do filho do Presidente para o cargo.

Veja o gráfico:

Fonte: Painel do Poder/3ª onda de pesquisa de 2019

As informações citadas pelo Congresso em Foco são atribuídas ao Painel do Poder, pesquisa realizada a cada três meses, com as principais lideranças do Congresso Nacional, pelo Congresso em Foco, em parceria com a agência de comunicação integrada In Press Oficina, abordando diversos temas.

O levantamento também deixa claro que o alinhamento do governo brasileiro perante os EUA é uma questão que divide as duas casas. No Senado, 51,8% dos parlamentares concordam total ou parcialmente com a posição do governo Bolsonaro nessa área, com 44,4% discordando total ou parcialmente. Na Câmara dos Deputados, dá-se o inverso: 50% discordam e 45,4% concordam. Nos dois casos forma-se uma maioria imprensada, contra ou a favor da proximidade que o governo Jair Bolsonaro busca em relação à administração Trump.

O levantamento de campo foi feito entre os dias 16 e 27 setembro. De lá para cá, as evidencias de uma possível derrota do Presidente no projeto “filho embaixador” só aumentaram, ainda mais no meio da implosão que afetou o PSL, partido que reúne a família e grande parte do bloco aliado (hoje nem tanto) de Jair Bolsonaro.

Nas últimas horas, o filho zero três passou rapidamente da condição de candidato à Embaixada, para um quase líder do partido, e agora, para um quase nada, com a crise e os podres que têm sido jogados no ventilador, escancarando as dissidências intestinais da sigla que abriga o poder central. E por lá, o clima tá pegando fogo.

Em meio à crise, Bolsonaro atuou diretamente, nesta semana, na tentativa de destituir o Delegado Valdir (PSL-GO) da liderança do partido na Câmara e colocar o filho 03. A atuação do presidente deixou em suspenso a possibilidade de o deputado assumir a Embaixada – certamente por enxergar essa dificuldade, embora já tenha gente no Congresso (Major Olimpio, SP), defendendo três Embaixadas para os filhos do papai Jair – para livrá-lo da confusão da prole do Palácio.

Questionado por jornalistas, se prefere o “filho 03” no cargo de Embaixador ou na liderança do PSL na Câmara dos Deputados, o presidente chegou a dizer que o filho terá que escolher. Dizendo que ele é “maior de idade” e “decide o futuro dele”.

Mas pelo jeito, até o poder de escolha, o filho do papai já não tem mais. Será?