1 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Fake News: Bancada de Alagoas vota unida contra veto de Bolsonaro

Divulgação de notícias falsas com cunho eleitoral está sujeita a pena de 2 a 8 anos de prisão

Congresso endurece a pena contra as ‘fakes news’

O Congresso Nacional derrubou o veto do presidente Jair Bolsonaro ao  projeto que criminaliza quem divulga notícias falsas (fake news) com intenções eleitorais. O projeto endurece a pena contra o infrator.

Bolsonaro achou que não era necessário criminalizar e vetou a matéria. Mas por 326 votos a 84 de deputados federais e 48 a 6 senadores, os parlamentares derrubaram o veto. O senador Rodrigo Cunha votou contra o veto. Renan Calheiros e Renilde Bulhões estavam ausentes.

Com isso, passa a ser crime, sujeito a pena de reclusão de dois a oito anos, a disseminação de fake news contra candidatos durante campanhas eleitorais.

Os nove parlamentares da bancada de Alagoas ajudaram a derrubar o veto, votando unidos contra os interesses do presidente da República, que costuma cultuar em suas redes sociais as notícias falsas.

O endurecimento da pena ao crime das fake news foi criticado por parlamentares da base governista. “Quem vai dizer o que é fake news”, questionou a deputada Bia Kicis (PSL-DF), acrescentando que a pena imposta ao compartilhamento de notícias eleitorais falsas é maior que a de homicídio culposo, que é de até quatro anos de reclusão. “Quem ditará o que é fakenews ou não? Já sabemos! A liberdade de expressão sendo cerceada sob pretexto de palavras bonitas”, acrescentou o vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ).

Já a oposição comemorou a derrubada do veto. “Derrota de Bolsonaro e sua máquina de fake news. Agora as milícias digitais da extrema-direita vão pensar várias vezes antes de espalhar mentiras”, disse o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). “É hora de punir esse crime. As fake news estão sendo usada para a disputa política baixa, tentando vencer o debate com mentiras. Quem se elegeu com mentiras deve estar preocupado”, acrescentou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). “As milícias virtuais que se cuidem. A pena será dura”, completou o senador Humberto Costa (PT-PE), que chamou de vergonhoso o veto de Bolsonaro a este projeto.

Responsável por entregar o contato de Glenn Greenwald, editor do The Intercept, ao hacker que invadiu o celular do ministro Sergio Moro e de outras autoridades públicas, Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) também comemorou a decisão do Congresso nas redes sociais. “Vitória!!!! Bolsonaro vetou o projeto de lei que pune fake news. Mas o congresso acabou de derrubar o veto do presidente. Derrota das notícias falsas e de quem as propaga!”, escreveu.

CPMI – Além de criminalizar a divulgação de fake news, o Congresso vai investigar o compartilhamento de notícias falsas em meios digitais através de uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) a partir da próxima semana. A instalação da chamada CPI das Fake News, que é esperada há alguns meses pelos parlamentares, foi confirmada pelo presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

“Aproveito esta oportunidade no plenário do Congresso Nacional para informar que já houve acordo na indicação do Relator da CPI das Fake News e que o Senado também já tem indicação para a Presidência da CPI. Na semana que vem, nós faremos a instalação da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito”, anunciou Alcolumbre, sem, contudo, revelar esses nomes. Ao todo, a CPMI será composta por 15 senadores, 15 deputados e o mesmo número de suplentes.

Veja como votou a bancada de Alagoas em relação a matéria. Quem votou ‘não’ foi favorável à derrubada do veto presidencial que impedia o endurecimento da pena a este crime:

Alagoas (AL)
Arthur Lira PP Não
Isnaldo Bulhões Jr. MDB Não
Jhc PSB Não
Marx Beltrão PSD Não
Nivaldo Albuquerque PTB Não
Paulão PT Não
Sergio Toledo PL Não
Severino Pessoa Republican Não
Tereza Nelma PSDB Não
Total Alagoas: 9