Os problemas geológicos no bairro do Pinheiro não estão apenas destruindo lares, estão tirando empregos também. Quem tem empreendimentos no local enfrenta dificuldades e incertezas quanto ao futuro. O medo de as empresas quebrarem em série é real.
Com a desertificação da região, centenas de empresários reclamam da queda no faturamento que chega a 70% em alguns casos. E quem investiu na ampliação do negócio, lamenta os prejuízos que giram na casa dos milhões de reais.
Tem construtora que começou a levantar prédios em área de risco cujas perdas são de R$ 10 milhões. Um supermercado investiu R$ 1 milhão em reforma. A ampliação de uma academia que trabalha com fisioterapia custou R$ 2 milhões.
Uma das academias de balé mais famosas da capital, há décadas no Pinheiro, teve que se mudar para a Gruta porque os pais se recusavam a matricular os filhos, por medo de uma tragédia.
Esta foi a realidade apresentada na manhã desta quarta-feira, 20, pelo presidente da Associação dos Empreendedores do Bairro do Pinheiro, Alexandre Sampaio, durante reunião provocada pela procuradora do Trabalho Rosemeire Lôbo.
Ela reuniu representantes de empresários e dos moradores daquele local, além de órgãos da Prefeitura de Maceió e do Governo de Alagoas, com o objetivo de discutir medidas e ações diante dos impactos sociais e econômicos enfrentados por quem ainda reside no bairro que afunda a cada dia, sem respostas das autoridades.
O empresário Alberto Cabús, que representou a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) na reunião, considerou a iniciativa do Ministério Público do Trabalho (MPT) muito importante.
“Estamos discutindo questões que transcendem a atuação das entidades. Trata-se da sobrevivência dos negócios e da manutenção da mão de obra, assegurando empregos”, afirmou o diretor 1º secretário da Fiea.
Insegurança
Com o esvaziamento do bairro, cresce a insegurança. Saques e invasões a imóveis fechados e até assaltos a mão armada a estabelecimentos comerciais passaram a fazer parte da rotina.
E o que se discutiu durante a reunião na Casa da Indústria? A pauta apresentada pela Associação de Empreendedores, que se preocupa com os encargos trabalhistas e tributários decorrentes da crise no Pinheiro, inclui anistia temporária de multas, taxas e tributos estaduais e municipais.
Para os moradores e empreendedores que adquiriram imóveis via financiamento bancário, a sugestão é a revisão dos valores negociados, diante da “brutal” desvalorização que encaram.
As soluções para as questões apresentadas serão tratadas por quatro grupos de trabalho formados durante o encontro na Casa da Indústria.
Para o empresariado, a tecnologia também pode ajudar a minimizar a queda nas vendas. Uma das ideias apresentadas é a criação de um aplicativo para que as pessoas possam fazer compras on-line em estabelecimentos localizados no Pinheiro.