Parlamentares do Congresso Nacional já preveem desgastes à imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) por possíveis efeitos negativos na economia brasileira se a guerra entre Rússia e Ucrânia perdurar, ainda mais em um ano eleitoral.
O Brasil tem na Rússia um dos principais fornecedores de fertilizantes para uso na agricultura, por exemplo, e a tendência é que, com a guerra, os preços dos produtos subam.
O próprio abastecimento de fertilizantes pode ser prejudicado no futuro diante de sanções e outras medidas econômicas. Isso pode causar um efeito dominó ao pressionar para cima os preços dos alimentos e, consequentemente, a inflação.
Uma escalada nos preços de comida nos supermercados e a alta da inflação são tidos como pesadelos para qualquer governante que queira se reeleger. O governo brasileiro já busca alternativas aos fertilizantes russos, mas este pode não ser o único problema.
Toda essa situação pode prejudicar a popularidade de Bolsonaro e se torna mais delicada pelo fato de ele ter um forte concorrente na corrida ao Palácio do Planalto em outubro: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à frente nas pesquisas de intenção de voto até o momento.
Nesse panorama, o voto de qualquer fatia do eleitorado é importante e não deve ser desprezado.
Seus prováveis adversários na disputa pela Presidência da República neste ano têm criticado tanto a guerra quanto a neutralidade que Bolsonaro tem adotado até o momento.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), à frente nas pesquisas de intenção de voto, criticou Bolsonaro. “Até em coisas sérias, ele mente, disse que tinha conseguido a paz ao viajar para a Rússia”, afirmou. Já Ciro Gomes (PDT) classificou o governo como “frágil, despreparado e perdido”.
Outro lado
Ainda que o cenário esteja incerto quanto ao conflito entre Rússia e Ucrânia, o entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia que o posicionamento do Brasil não trará impacto eleitoral.
O chefe do Executivo tem sido cobrado por integrantes do mundo político e por comentários em redes sociais a condenar os ataques dos russos —ele esteve no último dia 16 com Vladimir Putin em Moscou.
Interlocutores no Planalto já esperavam que seus adversários usassem a guerra para atacar Bolsonaro, mas eles não demonstraram preocupação com isso até o momento.
A avaliação é que apoiadores do presidente estão dispersos e insistem em dizer que as coisas seriam diferentes se o ex-presidente americano Donald Trump, de quem Bolsonaro era admirador, estivesse ainda no poder.
Ele foi derrotado por Joe Biden em 2020.Bolsonaro resiste em condenar diretamente a Rússia, em especial por dois motivos, segundo interlocutores no Planalto. Primeiro, porque ainda há cerca de 500 brasileiros em Kiev aguardando para deixar o país.