Em entrevista coletiva após visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, o candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad minimizou a ampla vantagem de seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL) e disse que sua chegada ao segundo turno foi um feito para o PT.
“Todos os partidos definharam, então, foi um feito, em 22 dias de campanha conseguir 30 milhões de votos defendendo um projeto, que foi isso que deu tempo de fazer. Acho que foi um feito, em 22 dias de campanha colocar um candidato no segundo turno com quase 30% dos votos válidos, concorrendo com veteranos. Veteranos que eu respeito. Colocamos um candidato até então desconhecido no segundo turno pela força do projeto que a gente representa”, disse.
Haddad afirmou estar disposto a sentar com Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol) e outros candidatos derrotados no primeiro turno, para discutir programa e incluir propostas destes candidatos ao sue programa de governo. “Agora, vou tentar reunir as forças democráticas progressistas, representadas por algumas candidaturas como o a do Ciro e do Boulos. Vamos conversar com alguns governadores do PSB e vamos acrescentar a esse projeto, para disputar voto a voto o eleitorado”, disse. “Falei ontem com o Ciro, mas foi um telefonema de cortesia e respeito mutuos que temos. Vou ligar para o Ciro agora institucionalmente e, se ele quiser, vamos sentar para conversar e tratar desses assuntos, como tratamos tranquilamente com o PC do B, numa perspectiva de reafirmação dos direitos, reafirmação do estado democrático”, acrescentou.
Questionado se reveria sua posição de revisar a constituição para atrair os partidos de centro, ele se explicou: “A questão de reformar a constituição é por conta da reforma bancária, tributária e política. Não há como fazer isso sem mexer na constituição. Mas a forma como vamos fazer isso pode ser discutida. Nossos programas são muito próximos. Vi o programa deles e há uma grande convergência de ideia. Vamos nos apresentar no segundo turno com um projeto ainda mais amplo e abrangente. É assim que se faz democracia”.
Haddad agradeceu ao eleitor pelo fato de a eleição ter um segundo turno, para ele, essencial para que os projetos possam ser confrontados. “Retomamos a campanha, vamos ter uma reunião de coordenação logo mais e estamos muito animados com o segundo turno porque ele nos oferece uma oportunidade que não tivemos no primeiro turno de debater os projetos que cada candidato defende para o país. Teremos uma oportunidade importante de confrontar esses dois projetos para que o eleitor tenha a possibilidade de comparação, o que é muito importante”.
Para o candidato, a questão econômica deve ser um dos principais temas do segundo turno. “Não pode ter tema tabu numa campanha eleitoral. Mas o que penso que vai nortear o segundo turno é muito o modelo econômico. O neoliberalismo que ele propõe e o estado de bem estar social que propomos, em relação aos direitos trabalhistas, direitos sociais, esse é um núcleo importante da nossa diferença. Outros temas virão, como política externa, políticas sociais, o que fazer com a segurança pública. Entendemos que é um serviço público e armar a população e desonerar o estado de sua responsabilidade”.
O candidato ainda afirmou que pretende propor a Jair Bolsonaro a assinatura de um termo de compromisso ético contra ataques anônimos na internet. “Pretendemos manter uma campanha propositiva, como fizemos no primeiro turno, mas podemos arguir o adversário sobre as propostas que ele está defendendo. Agora, o que aconteceu nas redes sociais, com ataques, ofensas à honra, injúrias, não entendo como isso pode favorecer a democracia. Não me furto a responder nenhuma questão sobre valores, mas que sejam feitas olho no olho. Mas é muito difícil se defender de uma enxurrada de ofensas via rede social. No último dia de campanha conseguimos tirar do ar 35 matérias falsas sobre mim e sobre a Manuela. Vamos tentar fazer com que eles assinem uma carta de compromisso contra as calúnias e difamações anônimas na internet”. ( Por Roger Pereira)