20 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Inativos afirmam que Guedes vai acabar com aposentadoria no Brasil

Com o plano sendo levado em frente, mais de 40 milhões de aposentados cairiam na zona de miséria

O plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, para desvincular o salário mínimo e, consequentemente, a aposentadoria da inflação passada foi duramente criticado pelo presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), João Inocentini, de 72 anos.

A intenção foi revelada ontem pelas jornalistas Idiana Tomazzelli e Julianna Sofia, na Folha de S. Paulo. A ideia é fazer indexação pela previsão de inflação futura.

“Se isso acontecer vai ser o fim da aposentadoria, vai chegar o tempo de não podermos comprar nem metade da cesta básica. Eles estão tentando fazer isso há tempos e nós estamos conseguindo segurar. Mas em um novo governo certamente vão querer botar em prática”. João Inocentini.

Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, não acredita em outro resultado que não a vitória de Jair Bolsonaro (PL) diante de Lula (PT) no 2º turno das eleições presidenciais.

Tanto que já trabalha em um ambicioso plano para refundar a legislação sobre as contas públicas do país, com a intenção de reformular o teto de gastos e “quebrar o piso”.

Com isso, pretende frear o crescimento de despesas que hoje pressionam o Orçamento. O problema é que para isso ele quer cortar benefícios previdenciários ou atrelados ao salário mínimo.

Entretanto,  proposta só deve ser oficializada no caso de uma vitória de Bolsonaro no dia 30 de outubro. Nesse caso, uma PEC (proposta de emenda à Constituição) seria apresentada no dia seguinte à eleição – ela não é apresentada antes por ser altamente impopular, afinal, limita salários.

Uma das principais medidas em estudo é a desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários. Hoje, eles são corrigidos pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do ano anterior, o que garante ao menos a reposição da perda pelo aumento de preços observado entre famílias com renda de até cinco salários mínimos.

Inativos

Questionado sobre o assunto, Guedes confirmou que a desindexação está na pauta , mas disse que “não vai no meio do jogo mudar a regra” e afirmou ser “garantido que vai ser pelo menos a inflação passada”. Não explicou, porém, até quando o atual parâmetro será mantido.

“Isso vai levar todas as aposentadorias para um achatamento enorme. Seriam mais de 40 milhões de aposentados caindo na zona de miséria, de pobreza total”.

Ele diz que o atual governo sempre quis fazer essa mudança, assim como a gestão de Michel Temer e até no governo Dilma Rousseff algumas pessoas defenderam a ideia.

“Antes de indexar à inflação, o salário mínimo era uma miséria. A gente já viveu essa história e não deu certo. Depois da vinculação, as pessoas passaram a ter um ganho melhor, a consumir mais e o país não quebrou, como disseram que iria quebrar”.

O Sindnapi tem 400 mil filiados e representação em 24 estados.

“Se eles vencerem a eleição, vão implantar isso aí. Assim como não vão segurar o preço da gasolina”, alerta Inocentini. “O eleitor tem que pensar bem e decidir o que quer”.