2 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Infectologista condena fala de Queiroga e diz que não se revoga Covid por decreto

Isso não pode ser feito com outras intenções, políticas, diz o infectologista mineiro

Queio=roga anunciou o fim da Covid no País e sofreu reação de infectologistas

Após o anúncio do fim do estado de emergência pela pandemia da COVID-19 no Brasil, anunciado na noite deste domingo (17/4) pelo ministro da Saúde Marcelo Queiroga, em pronunciamento feito em cadeia nacional de rádio e TV, o infectologista Geraldo Cunha Cury, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), condenou a decisão do governo.

Segundo ele, este não é o momento de encerrar a emergência em saúde pública. “Não se revoga COVID com decreto. A doença existe, ainda há aspectos desconhecidos e não sabemos se pode aparecer uma nova variante. O mais prudente era esperar um pouco”. a

O espaço entre os principais marcos da curva da doença tem diminuído. O Brasil rompeu a marca dos 100 mil óbitos por COVID-19 em 8 de agosto do ano retrasado e, dois meses e dois dias depois, já somava 150.198 baixas. Na mão oposta, em 8 de outubro de 2021, o país chegou a 600.425 mortes, mas dessa vez, para chorar mais 50 mil baixas e chegar às 650 mil, o país atravessou 4 meses e 25 dias.
Leandro Curi, outro infectologista, crê que nem mesmo a suavização das estatísticas é capaz de justificar a decisão de Queiroga.
“Os números ainda existem. Ainda temos infecções e mortes. Ainda há poucos medicamentos para tratar, em nível público, o COVID — o Paxlovid [aprovado pela Anvisa em novembro] está chegando. É, ainda, uma doença que mata. Uma fatia muito grande da população que se vacinou, mas outra, preocupante, ainda não”, ressalta. “Quanto mais a gente trabalhar em conjunto — população e poder público — mais rápido saímos disso”.
Para Geraldo Cury, há, em jogo, aspectos além dos efeitos legais da revogação. “[A decisão] passa à população a falsa impressão de que o problema já está resolvido — e não está. Temos, ainda, dezenas de pessoas morrendo por dia de COVID-19. Isso não pode ser feito com outras intenções, políticas”, pontua.