19 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Isolado, Zema recua após incitar “guerra de regiões” e ser criticado até por bolsonaristas

Governador de Minas queima a largada e se afasta ainda mais da próxima corrida presidencial.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), propôs um racha entre as regiões brasileiras. No final de semana, ele afirmou que os governadores do Sul e do Sudeste criaram um consórcio para se opor aos estados do Norte e do Nordeste.

No entanto, sua frente não durou nem mesmo o final de semana do anúncio: criticado por propor uma guerra entre as regiões, Zema prontamente recuou. Na noite de domingo, afirmou que “não é contra ninguém, e sim a favor de somar esforços”.

Zema, que neste ano aumentou o próprio salário em quase 300%, busca protagonismo para ser o candidato que herdará os votos dos bolsonaristas nas eleições presidenciais de 2026. Com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, assumindo a preferência, o governador de Minas tentou assumir um papel de liderança.

Saiu pela culatra.

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Com o Nordeste sendo uma região de resistência e que garantiu de forma significativa a vitória de Lula contra Bolsonaro em 2022, ele achava que conseguiria aglutinar eleitores de direita com sua fala separatista. No entanto, acabou sendo criticado até mesmo por bolsonaristas.

Críticas

As críticas não foram leves: o Consórcio Nordeste, que reúne os governadores da região, afirmou em nota que a fala de Zema insinua “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste”. O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT-PI), por exemplo, chamou Zema de “o maior inimigo da federação”.

Flávio Dino foi além: o ministro da Justiça lembrou que a fala de Zema atenta contra a Constituição e que “um traidor da Constituição é um traidor da pátria”. “É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais.”

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também afirmou que o tamanho da população não pode ser o único critério para medir a importância política de cada região e que, sem a Amazônia, “o Brasil sequer pode ter vida”.

Pegando carona nas críticas, até o deputado federal e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), soltou uma nota afirmando que não podem ser feitas ações que “estabeleçam alvos ou discriminem regiões”.

“Infelizmente, o governador Zema, talvez por não ter se expressado de forma adequada, acabou por criar mais problemas do que as soluções que busca. Sempre precisamos e muitas vezes contamos com alianças de outras regiões, especialmente do Nordeste brasileiro”.

Até mesmo o bolsonarista Gilson Machado (PL-PE), que foi ministro do Turismo no governo de Jair Bolsonaro (PL), repudiou “veementemente” qualquer fala que sequer ventile a separação do país”.

“Quem dera Dubai tivesse as riquezas que o Nordeste possui”, afirmou Machado no Twitter, sendo apoiado até mesmo por Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) e atualmente advogado de Bolsonaro. “Parabéns, Gilson. O Brasil é nordestino”, declarou ele.

Zema, em um final de semana, queima a largada e se afasta ainda mais da próxima corrida presidencial. Aparentemente, ele se esqueceu de que não possui o “eu autorizo” cego que Bolsonaro recebia de seus eleitores.