24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

JBS: Bolsonaro defende ministra: “Também sou réu, e daí”?

Tereza Cristina concedeu incentivos fiscais ao grupo

O mantra na transição do governo Bolsonaro, aparentemente, é de pedir desculpas pelos erros (crimes) cometidos, afinal “errar é humano” e não ser filiado ao PT, pois de resto está tudo nos conformes.

Após a descoberta de que a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), concedeu incentivos fiscais à JBS enquanto manteve uma parceria pecuária com a empresa, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), minimizou o fato. À época, a hoje deputada federal era secretária do agronegócio de Mato Grosso do Sul.

“Eu também sou réu no Supremo, e daí?”, disse Bolsonaro, que responde a ação por incitação ao estupro. “Afinal de contas sou um ser humano, posso errar, e, se qualquer ministro tiver uma acusação grave e comprovada, a gente toma uma providência. Neste momento, ela goza de toda a confiança nossa”, disse, ele.

Denúncia

À época, a hoje deputada federal era secretária do agronegócio de Mato Grosso do Sul e arrendava uma propriedade em Terenos (MS) aos irmãos Joesley e Wesley Batista para a criação de bois. Isso foi durante o governo de André Puccinelli (2007 -2014), preso em julho sob acusação de corrupção.

A política de incentivos fiscais do governo estadual está no centro da delação premiada fechada pela JBS com a Procuradoria-Geral da República no capítulo que tratou da corrupção em MS. Em um período de 13 anos, até 2016, teriam sido pagos R$ 150 milhões em propina.

Tereza Cristina, no entanto, não é alvo de investigação nem de processo no âmbito da delação premiada e ela nega qualquer, mas admitiu, nesta quinta-feira (8), ter negócios com o grupo JBS.

A deputada federal é processada pela JBS pelo negócio que foi fechado entre 2011 e 2012. A empresa cobra na Justiça um total de R$ 14 milhões, em valores atualizados.

Musa do veneno

Cristina é engenheira agrônoma e ganhou neste ano dos colegas o apelido de “musa do veneno”, por sua atuação em defesa do projeto de lei 6299/02, que flexibiliza as regras de utilização de agrotóxicos no País, conhecido como PL do Veneno. O PL foi aprovado em junho por uma comissão especial presidida por Tereza Cristina na Câmara e ainda precisa passar pelo plenário.

O relatório prevê que pesticidas possam ser liberados pelo Ministério da Agricultura mesmo se órgãos reguladores, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não tiverem concluído suas análises.