Juízes federais, dirigentes de associações de magistrados e ministros do Supremo avaliam que, ainda que Sergio Moro rejeite o convite para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PSL), ele já meteu os pés pelas mãos.
Moro teria errado ao sinalizar que considera a proposta e também a se dispor a viajar para falar com o presidente eleito. O gesto do juiz, responsável pela Operação Lava Jato, pegou colegas do primeiro grau de surpresa e indignou membros de cortes superiores. Nesta manhã de quinta (1º) ele conversa com o presidente eleito.
O simples aceno ao cargo, dizem, deveria forçá-lo a abrir mão de diversos casos. Seus próprios colegas da Lava Jato temem prejuízos a toda a categoria. Eles acreditam que uma eventual composição entre Moro e Bolsonaro vai desencadear questionamentos às decisões do juiz de Curitiba e também de todos os colegas que se projetaram com o combate à corrupção.
Um ministro do Supremo diz que, só de se aproximar de Bolsonaro, Moro vai reforçar a ideia de que Lula é um preso político e alimentar as acusações de que atuou por motivações pessoais e de que deveria ter se declarado suspeito de julgar o ex-presidente.
Bolsonaro, presidente eleito, pregou que o ex-presidente apodrecesse na cadeia, que era preciso varrer a bandidagem vermelha e também “fuzilar a petralhada”. A defesa do ex-presidente Lula pediu a nulidade dos processos conduzidos por Moro. A avaliação é a de que, ao aceitar um encontro com Bolsonaro, Moro “escancarou que tem atuado como agente político”.
PF a Favor
Por outro lado, delegados da PF já estão animados com a hipótese de trabalhar com Moro. Eles já pesquisam falas do magistrado sobre temas caros à categoria. O juiz disse, por exemplo, ser a favor da instituição de um mandato para a direção-geral da corporação, mas não declarou se a escolha se daria por meio de lista tríplice.
Moro assumiria um “superministério” da Justiça. A pasta deve somar as estruturas da Justiça, Segurança Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), este ligado ao ministério da Fazenda.