17 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Liberou: TCU determina Bolsonaro e Lula não precisam devolver presentes

Enquanto o atual presidente ficou com um relógio, Jair de forma escondida vendeu os bens (e os comprou de volta)

A maioria dos ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) entenderam que o relógio de luxo recebido pelo presidente Lula (PT) em 2005 na França, além de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros mandatários, não precisam ser devolvidos. Isso porque não há lei específica sobre isso.

O julgamento de hoje (7) foi para que o petista devolvesse presente. A ação foi apresentada pelo deputado federal Sanderson (PL-RS) e pedia que Lula fosse obrigado a devolver o relógio de ouro avaliado em R$ 60 mil que ganhou de presente da marca francesa Cartier em 2005. Para o parlamentar, bem deveria ser encaminhado ao acervo público da Presidência da República.

Para o relator do caso, ministro Antônio Anastasia, o presidente não precisa devolver presente. Ele seguiu o entendimento da área técnica do tribunal de que, quando Lula recebeu o relógio, ainda não estava em vigor a decisão do TCU que trouxe regras mais claras sobre o assunto.

A procuradora-geral do MP junto ao TCU, Cristina Machado de Costa e Silva, endossou o entendimento. Na prática Anastasia defendeu que a resolução de 2016 que estabelece algumas regras sobre presentes é valida, mas que não poderia ser aplicada em 2005.

Já o Ministro Jorge Oliveira apresentou uma proposta: como não existe uma lei específica sobre presentes recebidos por presidentes da República, não caberia ao TCU editar uma norma a respeito e, portanto, decidir sobre eventual devolução ou não de presentes.

A resolução do TCU sobre o tema de 2016 leva em consideração uma legislação sobre o acervo presidencial e não especificamente sobre recebimento de presentes.

Bolsonaro

O julgamento é central para a defesa de Bolsonaro, já que o ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal por desvio de dinheiro devido aos episódios de venda no exterior de joias e presentes recebidos por ele enquanto era presidente.

Na sexta-feira (2), a defesa de Bolsonaro pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o arquivamento do caso alegando que não cometeu nenhuma ilegalidade e que caberia ao TCU analisar primeiro o pedido de devolução do relógio de Lula, antes de as investigações avançarem.

Para os investigadores, vendas e tentativas de vendas realizadas pelos auxiliares de Bolsonaro configuram crime. Isso segue entendimento do TCU estabelecido em 2016 de que os bens vendidos pertenceriam ao patrimônio público. A defesa do ex-presidente, porém, entende que a situação dele é a mesma de Lula, que não devolveu o presente recebido em 2005.