5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Liminares dificultam investigação de vazamento de operação para Flávio Bolsonaro

Filho 01 foi procurado por um delegado da Polícia Federal no Rio em outubro de 2018, entre o primeiro e segundo turno da eleição

Uma batalha na Justiça Federal impede o avanço da investigação sobre o suposto vazamento para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) do relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mencionando seu então assessor Fabrício Queiroz. O documento deu origem à apuração do esquema de rachadinha.

Liminares entre o MPF (Ministério Público Federal) e os investigados — Miguel Ângelo Braga Grillo, até hoje chefe de gabinete de Flávio, o advogado Victor Granado Alves e a ex-assessora Val Meliga – travam as investigações.

O caso, denunciado pelo empresário Paulo Marinho à Folha de S. Paulo em maio de 2020, voltou à tona esta semana após declaração do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

Weintraub corroborou o relato de Marinho, dizendo ter participado de uma reunião sobre as denúncias contra Flávio e Queiroz em novembro de 2018 —antes portanto de o caso ser revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo em dezembro daquele ano. Segundo o ex-ministro, Bolsonaro tratou do assunto e tinha ao seu lado Flávio.

Dias depois da entrevista de Marinho, o MPF pediu o desarquivamento de um inquérito da PF (Polícia Federal) que já havia tratado sobre outras denúncias de vazamento da Operação Furna da Onça —na qual dez deputados estaduais do Rio foram presos por suspeita de corrupção.

Leia mais: Morte de Bebianno e demissão de Moro motivaram Marinho a acusar Flávio Bolsonaro

Marinho, três assessores de Flávio, um dos procuradores da Lava Jato do Rio e diversos membros da PF foram ouvidos por Benones e um delegado da PF. O procurador tentou realizar uma acareação entre Marinho e Flávio, mas o senador faltou à oitiva.

Denúncia

Paulo Marinho relatou que Flávio Bolsonaro foi procurado por um delegado da Polícia Federal no Rio em outubro de 2018, entre o primeiro e segundo turno da eleição.

Segundo o empresário, o investigador marcou um encontro com os três assessores de confiança de Flávio: Braga, Granado Alves e Val Meliga. Dizendo-se apoiador de Bolsonaro, o delegado teria avisado que Queiroz seria alvo da Furna da Onça.

Marinho diz ter ficado sabendo da trama em dezembro daquele ano, quando foi procurado por Flávio, que queria uma indicação de advogado para atuar no caso. Em uma reunião em sua casa, Marinho diz que Flávio e Granado Alves lhe contaram em detalhes o vazamento.

Flávio nega ter tido acesso antecipado à informação de que Queiroz havia sido flagrado pelo Coaf. Segundo o senador, “nunca existiu vazamento”.

“Essa história foi inventada com claros interesses políticos eleitorais, uma manobra de quem não tem votos para vencer na urna e, desesperadamente, tenta ganhar no tapetão. É uma mentira contada por alguém que faria qualquer negócio para usurpar a cadeira de um senador que foi eleito com mais de 4 milhões de votos”. Flávio Bolsonaro.